quinta-feira, 12 de abril de 2012

CAOS NA SAÚDE DO RIO - Morreu húngaro no Hospital Municipal Souza Aguiar que aguardava 1 mes por cirurgia

Troca de e-mails entre médicos revela falhas em hospital do Rio
Caso foi descoberto após morte de fotógrafo ser discutida em mensagens.
Grupo também fazia reserva de leitos e fala sobre falta de profissionais.

Do G1 RJ



Uma troca de e-mails entre médicos do Hospital municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, revelou detalhes da rotina dos profissionais do Centro de Tratamento Intenso (CTI) da unidade. Nas mensagens, os médicos falam sobre erros e até certos critérios para a internação de pacientes no CTI do hospital, conforme mostrou o Jornal das Dez, da Globonews.

O caso foi revelado após a morte do fotógrafo húngaro Andreas Palluch, radicado no Brasil. Ele morreu na quarta-feira passada depois de ficar mais de um mês à espera de uma cirurgia. O caso do fotógrafo também está entre os assuntos discutidos nos e-mails.

A troca de mensagens começou em fevereiro de 2010 para tratar de assuntos do CTI. As conversas deveriam ficar restritas ao grupo, nomeado "CTI 3º andar", mas até a noite de segunda-feira (9) qualquer internauta tinha acesso.

Em uma das mensagens, o responsável pelo CTI pede aos médicos que tenham critério na escolha dos pacientes que serão internados no CTI adulto do hospital. No e-mail, o médico diz que a recomendação é para que as vagas sejam preenchidas rapidamente para evitar transferências externas, principalmente de pacientes em estado grave e "moribundos" originários das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).

Os médicos também falam sobre as falhas no setor. Um deles comenta a falta de enfermeiros durante o plantão. Ele informa que uma paciente tem uma doença infecciosa, mas o isolamento não é feito da forma adequada, com risco de contaminação. Outra mensagem chama atenção para um objeto metálico esquecido dentro do corpo de um paciente. Ele ressalta que, "felizmente", o descuido tinha sido descoberto antes de o corpo seguir para o IML.

Fotógrafo esperou um mês por cirurgia Andreas Palluch foi vítima de um assaltado no dia 17 de fevereiro, sexta-feira de carnaval. Ele teria sido levado por um policial para o Hospital Souza Aguiar, mas não há um boletim de ocorrência. A vítima ficou um mês internada à espera de uma cirurgia, e familiares pressionaram o hospital para que uma providência fosse tomada.

A situação foi comentada em outra troca de e-mails entre os médicos do hospital. Nas mensagens, o responsável pelo CTI diz que a família tem se mostrado "problemática" e confirma a remarcação da cirurgia por causa do erro de um fornecedor na entrega do material. O texto diz ainda que não uma definição sobre os responsáveis pelo paciente e pede para que nenhum privilégio seja concedido à família.

“A gente em nenhum momento pediu privilégio. O que nós pedimos foi informação. Eu quero ser informada quando ele vai ser operado. ‘Ah, aparece aí! ’ Isso não é forma de tratar uma família”, relatou a filha do fotógrafo, Andrea Palluch.

Ela conta ainda que o hospital publicou notas informando que o pai dela morreu por causa de ferimentos decorrentes da agressão que sofreu. “Ele não tinha ferimento externo corporal algum. Ele teve sim uma lesão na coluna”, explicou, ressaltando que o hospital disse que a família foi muito bem atendida. “Isso não posso confirmar”, finalizou.

Hospital diz que família teve toda a assistência Em nota, a Secretaria municipal de Saúde informou que o fotógrafo Andreas Palluch deu entrada no hospital com estado de saúde muito grave, não tendo condições clínicas para ser submetido à cirurgia. Apenas após a estabilização do quadro, o paciente pôde ser operado. Ainda segundo a secretaria, os familiares receberam toda a assistência necessária. Eles também tiveram acesso a uma cópia do prontuário com todas as informações sobre o paciente.

Sobre a ocupação das vagas no CTI do Souza Aguiar, a secretaria esclareceu que a regulação dos leitos é feita com uma central que trabalha diretamente com a unidade

Fonte G1

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