Oposição quer relembrar caso do ex-assessor de Dirceu flagrado, em 2004, pedindo propina
João Domingos, de O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira, que deve ser instalada no Congresso na próxima semana, promete ressuscitar escândalos do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em especial o que atingiu Waldomiro Diniz, o ex-assessor da Casa Civil na gestão de José Dirceu, e pode esbarrar novamente em um tema delicado a todos os partidos políticos: o financiamento ilegal de campanhas eleitorais.
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Apesar de o requerimento de instalação da CPI dizer que ela deve “investigar práticas criminosas do senhor Carlos Augusto Ramos, desvendadas pelas Operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal” - o que significaria um espaço temporal de 2009 para cá -, o entendimento dos partidos de oposição, que será minoria na comissão, é de que todos os fatos correlacionados podem ser tratados. A Vegas, concluída em 2009, investigou negócios ilícitos de Cachoeira, que pressionava o Congresso pela legalização dos jogos de azar. A Monte Carlo aprofundou as investigações sobre a rede de negócios do “empresário” Cachoeira.
“O Supremo Tribunal Federal decidiu que as CPIs podem fazer as investigações nesses casos, independentemente de espaço temporal”, disse o líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE).
O PT, por sua vez, pretende utilizar o espaço da CPI para punir algozes do governo Lula, em especial o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), cuja relação de proximidade com o contraventor Cachoeira ficou clara em diálogos flagrados pela Polícia Federal. Demóstenes foi um parlamentar extremamente atuante, sobretudo na CPI dos Correios, que se debruçou sobre o episódio do mensalão no governo Lula. O Supremo vai julgar, provavelmente neste ano, os 38 réus do caso mensalão.
A amplitude das investigações também alcançaria em cheio figuras tarimbadas da oposição, como o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), alvo do PT na CPI. Perillo já admitiu ter um relacionamento pessoal com Cachoeira e disse que todos os políticos de Goiás tinham ligações com o contraventor pelo fato de ele ser um empresário.
A janela de oportunidade aberta pela própria base governista para a oposição vasculhar malfeitos no governo do ex-presidente Lula e até mesmo da presidente Dilma Rousseff já preocupa o Palácio do Planalto.
O texto da CPI negociado nesta quinta-feira, 12, prevê que poderão ser investigados “agentes públicos e privados” ligados ao esquema de Cachoeira. Ou seja, elos do contraventor com administrações públicas, como as de Goiás e do Distrito Federal, que já vieram à tona, serão explorados. O Estado publicou nesta quinta reportagem mostrando que os grampos indicam a rede de influência da construtora Delta no governo do DF, administrado pelo petista Agnelo Queiroz, negociada por aliados de Cachoeira.
Waldomiro e mensalão. Em fevereiro de 2004 uma fita amplamente divulgada mostrou o então assessor parlamentar da Casa Civil Waldomiro Diniz pedindo propina para Cachoeira. Na época, o contraventor mostrava interesses nas máquinas de apostas das loterias administradas pela Caixa Econômica Federal. O caso culminou na investigação de financiamento de campanha pelo jogo do bicho e caixa 2.
Além de ressuscitar o episódio, a oposição quer pelo menos fazer barulho novamente sobre o mensalão. Pretende procurar algum tipo de ligação entre Cachoeira e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, denunciado pelo Ministério Público como um dos idealizadores do mensalão. Delúbio é réu no Supremo. Assim como Cachoeira, Delúbio é de Goiás.
“Isso que é chamado de mensalão, e que nós, petistas, repudiamos e afirmamos que não existiu, tem sua própria rotina. Será julgado pelo STF. Se quisermos falar desse episódio, temos de tratar de financiamento de campanha, e não de ocupação da máquina do Estado, como queria o Cachoeira. Mensalão é caixa 2, é outra coisa”, justificou o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP).
Alvo. A oposição já elegeu como seu alvo prioritário na CPI o governador petista Agnelo Queiroz e vai insistir na suspeita de cobrança de fatura por parte da Delta Construções por supostas doações eleitorais não registradas. “O governador de Brasília terá de explicar isso na CPI”, disse o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), um dos dois titulares dos tucanos da Câmara na comissão parlamentar.
João Domingos, de O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira, que deve ser instalada no Congresso na próxima semana, promete ressuscitar escândalos do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em especial o que atingiu Waldomiro Diniz, o ex-assessor da Casa Civil na gestão de José Dirceu, e pode esbarrar novamente em um tema delicado a todos os partidos políticos: o financiamento ilegal de campanhas eleitorais.
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“O Supremo Tribunal Federal decidiu que as CPIs podem fazer as investigações nesses casos, independentemente de espaço temporal”, disse o líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE).
O PT, por sua vez, pretende utilizar o espaço da CPI para punir algozes do governo Lula, em especial o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), cuja relação de proximidade com o contraventor Cachoeira ficou clara em diálogos flagrados pela Polícia Federal. Demóstenes foi um parlamentar extremamente atuante, sobretudo na CPI dos Correios, que se debruçou sobre o episódio do mensalão no governo Lula. O Supremo vai julgar, provavelmente neste ano, os 38 réus do caso mensalão.
A amplitude das investigações também alcançaria em cheio figuras tarimbadas da oposição, como o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), alvo do PT na CPI. Perillo já admitiu ter um relacionamento pessoal com Cachoeira e disse que todos os políticos de Goiás tinham ligações com o contraventor pelo fato de ele ser um empresário.
A janela de oportunidade aberta pela própria base governista para a oposição vasculhar malfeitos no governo do ex-presidente Lula e até mesmo da presidente Dilma Rousseff já preocupa o Palácio do Planalto.
O texto da CPI negociado nesta quinta-feira, 12, prevê que poderão ser investigados “agentes públicos e privados” ligados ao esquema de Cachoeira. Ou seja, elos do contraventor com administrações públicas, como as de Goiás e do Distrito Federal, que já vieram à tona, serão explorados. O Estado publicou nesta quinta reportagem mostrando que os grampos indicam a rede de influência da construtora Delta no governo do DF, administrado pelo petista Agnelo Queiroz, negociada por aliados de Cachoeira.
Waldomiro e mensalão. Em fevereiro de 2004 uma fita amplamente divulgada mostrou o então assessor parlamentar da Casa Civil Waldomiro Diniz pedindo propina para Cachoeira. Na época, o contraventor mostrava interesses nas máquinas de apostas das loterias administradas pela Caixa Econômica Federal. O caso culminou na investigação de financiamento de campanha pelo jogo do bicho e caixa 2.
Além de ressuscitar o episódio, a oposição quer pelo menos fazer barulho novamente sobre o mensalão. Pretende procurar algum tipo de ligação entre Cachoeira e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, denunciado pelo Ministério Público como um dos idealizadores do mensalão. Delúbio é réu no Supremo. Assim como Cachoeira, Delúbio é de Goiás.
“Isso que é chamado de mensalão, e que nós, petistas, repudiamos e afirmamos que não existiu, tem sua própria rotina. Será julgado pelo STF. Se quisermos falar desse episódio, temos de tratar de financiamento de campanha, e não de ocupação da máquina do Estado, como queria o Cachoeira. Mensalão é caixa 2, é outra coisa”, justificou o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP).
Alvo. A oposição já elegeu como seu alvo prioritário na CPI o governador petista Agnelo Queiroz e vai insistir na suspeita de cobrança de fatura por parte da Delta Construções por supostas doações eleitorais não registradas. “O governador de Brasília terá de explicar isso na CPI”, disse o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), um dos dois titulares dos tucanos da Câmara na comissão parlamentar.
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