Por: Paulo Pacini
O ano de 1904 foi marcado por intervenções de grande vulto na estrutura urbana da cidade, de acordo com a iniciativa da prefeitura sob o comando do engenheiro Pereira Passos. Uma das obras de maior importância foi o prolongamento da Rua Larga de São Joaquim até o mar, projeto imaginado há várias décadas pelo Barão de Taunay, mas só então realizado. Uma das perdas lamentáveis foi a Igreja de São Joaquim, localizada ao lado do Colégio Pedro II e que marcava a transição da Rua Larga para a Estreita de São Joaquim, as duas formando a atual Marechal Floriano.
Além da igreja, também foram demolidos imóveis do lado par, levando consigo algumas lembranças associadas a uma rua próxima, Teófilo Otoni, cujas origens nos remetem a um passado distante. Por iniciativa de Domingos Coelho, proprietário de terras junto ao mar, esta rua foi se dirigindo para o interior desde o litoral, com ponto de partida no posteriormente conhecido Cais dos Mineiros, desde meados do século XVII. Seu desenvolvimento, assim como da maioria dos logradouros de então, dependia do lento processo de drenagem e aterro, pois quase toda área da cidade era composta por pântanos e alagadiços. As condições desfavoráveis fizeram até mesmo a Santa Casa rejeitar os prédios legados a esta por Domingos Coelho, quando de seu falecimento.
Antiga Rua das Violas, no início do século
passado
Em 1710 a via finalmente alcançava a rua dos Ourives (Miguel Couto), recebendo também outro nome, de Rua Serafina, viúva de Domingos Coelho. Outro nome, cuja origem é desconhecida, foi o de Rua dos Três Cegos. Após a construção da Igreja de Santa Rita, em 1721, o trecho atrás do templo ficou conhecido como Detrás de Santa Rita, e também da Ilha Sêca, em referência a um trecho entre a rua da Conceição e Vala (Uruguaiana) que encontrava-se livre das águas. Mas só final do século XVIII o antigo caminho receberia o nome pelo qual ficaria conhecida, após lá se estabelecerem fabricantes de violas, que, embora não sendo muitos, tinham presença marcante, fazendo com que o local ficasse logo conhecido segundo seu negócio. Nascia a Rua das Violas.
O nome permaneceria até 1869, quando passou a ser chamada de Teófilo Otoni em mais uma mudança por razões políticas, homenageando um parlamentar que nada tinha a ver com a história do local. Nesta época, a maioria dos violeiros já havia se transferido para a rua Estreita de São Joaquim, cujas grandes mudanças de 1904 apagariam a lembrança deste capítulo peculiar da história do Rio de Janeiro.
Fonte JB
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