Isabel de Araujo - O Globo
RIO - A fachada degradada pelo tempo e as dezenas de pichações chamam a atenção para o abandono do Hospital São Francisco de Assis da UFRJ, na Cidade Nova. Mas um detalhe revela um pouco de como a construção centenária chegou ao estado em que se encontra hoje: em meio ao abandono, é possível ver uma placa sobre obras que deveriam ter sido realizadas entre dezembro de 2008 e de 2009, mas nunca foram sequer iniciadas.
Desde 2001, houve pelo menos três grandes anúncios de recuperação das sete unidades originais do conjunto arquitetônico, com promessas de abertura de licitação, orçamento detalhado e até mesmo liberação de parte da verba. Nada foi executado. O ano de 2012 começa com outro anúncio de licitação, desta vez, para janeiro.
Um detalhe: a universidade já tem em caixa R$ 3 milhões e conta ainda com um financiamento de R$ 2,5 milhões do BNDES para aplicar na reforma. Os trabalhos, divididos em etapas, não preveem a troca dos vidros quebrados das janelas e a recuperação das esquadrias enferrujadas. As pichações, por sua vez, serão apagadas. Ao menos, esta é a promessa.
— A licitação de janeiro prevê apenas a recuperação dos telhados e da fachada de cinco edifícios, entre eles, o bloco que fica voltado para a Avenida Presidente Vargas. No ano passado, fizemos uma licitação, mas uma empresa entrou com pedido de impugnação por causa de um erro no edital. Já para recuperarmos os vidros quebrados e as esquadrias, vamos precisar fazer uma nova concorrência, ainda sem prazo — explica Paulo Bellinha, diretor de Preservação de Imóveis Tombados da UFRJ.
A construção do hospital é datada de 1876 e foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1983. O imóvel foi erguido inicialmente para funcionar como asilo e teve a edificação alterada por anexos, erguidos até 1920, quando virou hospital. O espaço chegou a ser desativado por dez anos, logo após a inauguração do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, no Fundão, em 78, mas voltou a funcionar a pleno vapor em 88, por conta de uma enchente que interditou uma asilo em Santa Teresa, obrigando a transferência dos pacientes para lá.
— Naquela época, o hospital recebeu uma pequena intervenção, apenas para poder reabrir as portas, mas, passados mais de 20 anos, nunca mais foi reformado — recorda-se Bellinha.
Apesar do mau estado, a unidade ainda oferece atendimento clínico geral, de cardiologia e pediatria. Não há ginecologista disponível, mas um enfermeiro ginecológico colhe o material para realizar o exame preventivo. O número de pacientes atendidos não foi informado. Mas o atendente orienta os pacientes a chegarem à fila antes das 6h da manhã para pegar senha:
— Ginecologia é o serviço mais procurado. Então, tem que dar sorte — informa o funcionário, que não se identificou.
O superintendente regional do Iphan, Carlos Fernandes, critica a situação:
— O grande problema é que a UFRJ deveria repassar o prédio para outra entidade. As atividades de ensino de medicina estão concentrados no Fundão. E o hospital do século XIX não tem a menor condição de atender às necessidades da medicina do século XXI.
Outro exemplo de precariedade foi o desabamento ontem de parte do teto de uma sala de aula da Faculdade de Biologia da UFRJ, na Ilha do Fundão. Não houve registro de pessoas ferida
Fonte Extra Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/rio/hospital-da-ufrj-no-centro-o-retrato-do-abandono-3388884.html#ixzz1fkzkgsFc
Desde 2001, houve pelo menos três grandes anúncios de recuperação das sete unidades originais do conjunto arquitetônico, com promessas de abertura de licitação, orçamento detalhado e até mesmo liberação de parte da verba. Nada foi executado. O ano de 2012 começa com outro anúncio de licitação, desta vez, para janeiro.
Um detalhe: a universidade já tem em caixa R$ 3 milhões e conta ainda com um financiamento de R$ 2,5 milhões do BNDES para aplicar na reforma. Os trabalhos, divididos em etapas, não preveem a troca dos vidros quebrados das janelas e a recuperação das esquadrias enferrujadas. As pichações, por sua vez, serão apagadas. Ao menos, esta é a promessa.
— A licitação de janeiro prevê apenas a recuperação dos telhados e da fachada de cinco edifícios, entre eles, o bloco que fica voltado para a Avenida Presidente Vargas. No ano passado, fizemos uma licitação, mas uma empresa entrou com pedido de impugnação por causa de um erro no edital. Já para recuperarmos os vidros quebrados e as esquadrias, vamos precisar fazer uma nova concorrência, ainda sem prazo — explica Paulo Bellinha, diretor de Preservação de Imóveis Tombados da UFRJ.
A construção do hospital é datada de 1876 e foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1983. O imóvel foi erguido inicialmente para funcionar como asilo e teve a edificação alterada por anexos, erguidos até 1920, quando virou hospital. O espaço chegou a ser desativado por dez anos, logo após a inauguração do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, no Fundão, em 78, mas voltou a funcionar a pleno vapor em 88, por conta de uma enchente que interditou uma asilo em Santa Teresa, obrigando a transferência dos pacientes para lá.
— Naquela época, o hospital recebeu uma pequena intervenção, apenas para poder reabrir as portas, mas, passados mais de 20 anos, nunca mais foi reformado — recorda-se Bellinha.
Apesar do mau estado, a unidade ainda oferece atendimento clínico geral, de cardiologia e pediatria. Não há ginecologista disponível, mas um enfermeiro ginecológico colhe o material para realizar o exame preventivo. O número de pacientes atendidos não foi informado. Mas o atendente orienta os pacientes a chegarem à fila antes das 6h da manhã para pegar senha:
— Ginecologia é o serviço mais procurado. Então, tem que dar sorte — informa o funcionário, que não se identificou.
O superintendente regional do Iphan, Carlos Fernandes, critica a situação:
— O grande problema é que a UFRJ deveria repassar o prédio para outra entidade. As atividades de ensino de medicina estão concentrados no Fundão. E o hospital do século XIX não tem a menor condição de atender às necessidades da medicina do século XXI.
Outro exemplo de precariedade foi o desabamento ontem de parte do teto de uma sala de aula da Faculdade de Biologia da UFRJ, na Ilha do Fundão. Não houve registro de pessoas ferida
Fonte Extra Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/rio/hospital-da-ufrj-no-centro-o-retrato-do-abandono-3388884.html#ixzz1fkzkgsFc
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