Setenta estudantes foram detidos durante reintegração de posse.
Batalhão de Choque permanecia no campus no início desta manhã.
Batalhão de Choque permanecia no campus no início desta manhã.
Juliana Cardilli Do G1 SP
Ônibus com estudantes detidos na USP chegam ao 91º DP (Ceasa) (Foto: Kleber Tomaz/G1)
Todos os 70 alunos (24 mulheres e 46 homens) da Universidade de São Paulo (USP) detidos pela Polícia Militar durante a reintegração de posse do prédio da reitoria da instituição na Cidade Universitária, na Zona Oeste de São Paulo, haviam deixado o edifício por volta das 7h30 desta terça-feira (8). Eles foram levados em três ônibus para o 91º DP (Ceasa), onde será registrado boletim de ocorrência por dano ao patrimônio público.
Por volta das 7h30, oficiais de Justiça realizavam a certidão de entrega do imóvel para que o prédio possa ser oficialmente devolvido à USP.
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No horário, o Batalhão de Choque continuava posicionado em toda a Cidade Universitária, onde deve permanecer até que a desocupação seja concluída. "A ação do Choque é até desocupar, a perícia chegar, ver quais foram os danos e terminar toda a operação. Aí continua o policiamento diário [no campus]”, informou a coronel Maria Yamamoto, porta-voz da PM. Cerca de 400 homens e 50 carros da corporação estavam no campus pouco antes das 7h. No horário, não havia sido registrado confronto entre estudantes e policiais. Os policiais usaram apenas escudos e cassetetes e não havia enfrentamento.Questionada sobre o efetivo policial empregado na operação de reintegração, a coronel afirmou que a quantidade se fez necessária "para que a operação acontecesse na maior tranquilidade possível, para que não houvesse nenhum perigo, nenhum dano, nenhum risco". Segundo ela, dois carros da Polícia Militar foi danificada.
Policiais usaram cassetetes para abrir portão e
entrar no prédio da reitoria da USP na madrugada
(Foto: Reprodução/TV Globo)
entrar no prédio da reitoria da USP na madrugada
(Foto: Reprodução/TV Globo)
Um grupo gritava palavras de ordem contra a presença da PM no campus e houve correria de manifestantes com paus e pedras em mãos. A Polícia Militar usou dois helicópteros Águia para a reintegração de posse.
Os universitários decidiram em assembleia realizada na noite desta segunda-feira (7) manter a ocupação do prédio da reitoria. A decisão de cerca de 350 alunos ocorreu por volta das 23h, horário em que expirou o prazo dado pela Justiça para a desocupação do edifício. A assembleia também rejeitou propostas levantadas durante reunião entre reitoria e integrantes do movimento, realizada na tarde desta segunda.
O diretor do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), Magno de Carvalho, criticou a ação da PM. “A gente não imaginava que pudessem montar um aparato de guerra como esse. Nem na ditadura vimos isso. Eu acho que eles mexeram em uma casa de marimbondos. Isso aqui vai virar um inferno. É uma coisa absurda, uma força desproporcional para a quantidade de estudantes lá dentro”, disse.
Agressões
Pouco após a decisão, os universitários atacaram os jornalistas, arremessando paus e pedras contra eles, num tumulto que durou cerca de dez minutos. Um fotógrafo feriu um dedo e deixou o local para ser medicado. Um cinegrafista foi atingido por uma pedra e outro chegou a ser derrubado durante a confusão.
Uma comissão de comunicação do movimento estudantil lamentou a confusão. "Lamentamos qualquer atitude de agressão contra a imprensa", alfirmou um representante da comissão, que disse se chamar Eduardo.
Negociação
Na tarde desta segunda, os estudantes da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) ouviram as propostas feitas por dois representantes da reitoria, após reunião de mais de três horas, convocaram uma plenária para deliberar sobre elas.
De acordo com o professor Wanderley Messias da Costa, que representa a direção da universidade, a reivindicação dos alunos de revogar o convênio com a PM para fazer a segurança do campus está “fora de questão”.
Ele disse que a proposta era criar dois grupos de trabalho mistos (composto por alunos, representantes da reitoria e servidores) para “falar em aprimoramento de um policiamento comunitário no campus, com respeito aos direitos humanos” e outro para examinar os processos abertos contra estudantes e funcionários da USP. “Este grupo examinará os processos para avaliar caso a caso como será o procedimento.”
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