A Justiça leiloou nesta segunda-feira (7) duas propriedades da empresa Boi Gordo, que atraiu milhares de investidores na década de 1990 com a promessa de dinheiro fácil.
“R$ 2,22 milhões, R$ 2,23 milhões”. Ninguém esperava uma disputa tão grande. Duas fazendas da Boi Gordo, em Mato Grosso, foram arrematadas pelo valor total de R$ 3,81 milhões, quase 80% a mais do que o lance inicial.
O fazendeiro Hamilton Sessin ficou com uma delas e já imagina quanto vai lucrar: “Em dois anos e meio, mais ou menos uns R$ 400 mil”, conta.
O sucesso do leilão foi comemorado pela associação que reúne seis mil credores das fazendas reunidas Boi Gordo, que espera resultado parecido nos próximos leilões: “Vai fazer com que os ativos possam quase dobrar de valor em relação às avaliações”, explica José Luiz Garcia, presidente da associação dos lesados pela Boi Gordo.
No fim dos anos 1990, a Boi Gordo atraiu investidores prometendo ganhos de 42% em um ano e meio, bem acima da media do mercado. A empresa faliu em 2004, deixando uma dívida hoje calculada em R$ 3 bilhões. Ao todo, 30 mil investidores ficaram no prejuízo.
Sete anos depois de a Justiça decretar a falência da Boi Gordo, nenhum centavo foi pago aos credores. Os investidores são os últimos da fila. A expectativa agora é que eles esperem pelo menos dois anos para receber parte do dinheiro.
Vale a regra da antiga lei de falências: a primeira fatia do bolo, cerca de R$ 35 milhões, vai ser distribuída entre ex-funcionários, provavelmente a partir do meio do ano que vem, segundo o síndico da massa falida, Gustavo Sauer. Ainda em 2012, a ideia é pagar as dividas com o governo e o INSS, que devem abocanhar outros R$ 100 milhões. O que sobrar vai ficar com os investidores, mas só a partir de 2013.
“Resta a ele o consolo de que será o único credor de empresa que operava nesse mercado que receberá alguma coisa”, afirma Gustavo Sauer.
Isso se for vendida a joia da coroa, a fazenda Realeza do Guaporé, em Mato Grosso, do tamanho da cidade de São Paulo, com valor estimado em pelo menos R$ 100 milhões.
“O investidor terá talvez 10% do valor restituído, do valor que ele investiu em 2001”, afirma Paulo Cunha, coordenador da Associação dos Investidores da Boi Gordo.
“Para o investidor, a lição que fica é assim: quando a oferta é muita, a gente desconfia do santo”, diz Eronides Santos, promotor de Justiça de Falência.
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