domingo, 23 de outubro de 2011

REGIÃO SERRANA - Burocracia e poucos recursos para prevenir desastres preocupam população serrana

Publicada em 22/10/2011 às 20h36m

Fábio Vasconcellos (fabiovas@oglobo.com.br)
 

RIO - Se num passado recente a ausência de ações preventivas do poder público tornou ainda mais dramática a maior tragédia natural do país, com a morte de mais de 900 pessoas durante as chuvas na Região Serrana, agora é a burocracia, somada ao baixo volume de recursos, que deixa a população em alerta. Anunciados logo após a enxurrada de janeiro, os novos radares meteorológicos, que poderiam prever chuvas com até duas horas de antecedência, só entrarão em operação em 2012, após o período dos temporais. Enquanto os equipamentos não vêm, os moradores de áreas de risco terão que contar com outras medidas de prevenção para evitar maiores danos durante as chuvas.

Criada também com a finalidade de desenvolver ações para se antecipar aos desastres naturais, a Secretaria estadual de Defesa Civil reservou recursos no orçamento de 2012 para este propósito. Mas, pelos números, não há o que comemorar. O órgão pretende aplicar R$ 57,6 milhões em projetos de ampliação de sua capacidade de atendimento. Deste total, apenas R$ 980 mil, ou seja, 1,7%, serão destinados ao programa "prevenção de desastres". O restante do orçamento da Defesa Civil vai para pagamento de pessoal, manutenção do Corpo de Bombeiros e compra de carros e equipamentos. A maior parte dos recursos vem do Fundo Especial do Corpo de Bombeiros (Funesbom), formado pela cobrança da taxa de incêndio.

VOTE:Você acha que, após a tragédia da Serra, o poder público passou a se preocupar mais com a prevenção de catástrofes?

Moradores querem pressionar governos
O valor para prevenção, que a própria secretaria reconhece como "insuficiente", chega ser uma contradição com o que preconiza o Plano Plurianual (PPA) 2012-2015 do governo, que identifica todas as metas e prioridades para os próximos quatro anos. Pelo documento, a Defesa Civil tem como objetivo "promover a redução de desastres com ações nas áreas de prevenção, preparação para as emergências e resposta, incluindo a prestação de socorros diversos à população". Pelo PPA, os R$ 980 mil serão aplicados no programa "preparação para emergência e desastres", cuja meta é realizar 23 cursos de defesa civil e apoio a 40 unidades de Defesa Civil nos municípios. Até o fim de 2015, o objetivo é realizar 115 cursos e treinar agentes de 70 unidades municipais, especialmente de cidades que não contam com estrutura mínima de atendimento à população. As equipes das cidades da Região Serrana, onde já foram identificadas 40 áreas de risco, também devem ser beneficiadas.

Mas é a proposta orçamentária da Secretaria e os recursos para a prevenção que deixam ainda mais preocupados os moradores da Serra. O presidente da Associação de Vítimas das chuvas em Teresópolis, Joel Caldeira, diz que a tempestade do fim de semana passado deixou moradores assustados, pois houve pequenos deslizamentos de terra e alagamento de ruas. Ele diz que os moradores farão uma audiência pública no dia 28 para pressionar o governo do estado e a prefeitura a acelerarem a aplicação de recursos na recuperação do município e na prevenção das tragédias

Fonte O Globo http://oglobo.globo.com/rio/mat/2011/10/22/burocracia-poucos-recursos-para-prevenir-desastres-preocupam-populacao-serrana-925637190.asp#ixzz1bazs8frq


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