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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

MILÍCIAS IN RIO - Milícia negocia imóveis onde vai passar novo acesso ao Engenhão

Publicada em 04/10/2011 às 23h50m
Luiz Ermesto Magalhães (luiz.magalhães@oglobo.com.br)
   Portão esconde o  acesso à favela, onde a milícia construiu casas (Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo)

RIO - O corredor que servia de passagem para a Favela Belém Belém pela Rua das Oficinas, em frente à entrada sul do Estádio Olímpico João Havelange, o Engenhão, foi invadido por uma milícia. No local estão sendo construídas pelo menos dez casas, que estão sendo negociadas por R$ 10 mil a unidade. Na entrada do corredor tem um portão com barras de ferro e tapumes de madeira que limita a visão e o acesso de curiosos. No final do corredor, foi construída uma parede separando as casas da favela.
Segundo informações de comerciantes e moradores do Engenho de Dentro, a invasão foi patrocinada pela milícia que também atua na favela Águia de Ouro, em Del Castilho.

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As casas construídas na antiga passagem para a favela estão no meio do caminho de uma nova via de acesso ao Engenhão. A obra faz parte do pacote da prefeitura para os Jogos Olímpicos de 2016, já que o estádio receberá as provas de atletismo.
O paredão, que agora faz com que os moradores mais antigos tenham que buscar caminhos alternativos para sair da Belém-Belém não é o único sinal da ação da milícia. Há dois anos, um muro que indicava onde a favela terminava foi demolido e pelo menos outros 20 barracos foram construídos pelos milicianos. Essas casas também ficam no traçado da futura via.
A favela terá um projeto de urbanização. Vamos reassentar os moradores em uma área disponível na própria comunidade

Os milicianos também cobram dos comerciantes do bairro R$ 10 por semana de "proteção", ao estilo da máfia. Alguns comerciantes deixaram de contribuir depois que a polícia prendeu, em julho, alguns suspeitos de integrarem a quadrilha.
A Belém-Belém surgiu há cerca de 40 anos. Os primeiros moradores eram famílias de funcionários da Rede Ferroviária Federal que trabalhavam nas oficinas de manutenção dos trens no mesmo terreno onde o Engenhão foi construído para os Jogos Pan-Americanos de 2007.
O presidente da associação de moradores da favela, Argemiro Moreira, calcula que 1.800 pessoas vivam hoje em cerca de 300 casas. Ele estima que pelo menos a metade terá que ser reassentada com a realização da obra. No sábado passado, o prefeito Eduardo Paes esteve na favela e disse que o projeto ainda não foi detalhado.
A favela Belém-Belém: algumas casas da comunidade serão removidas porque estão no caminho da nova via de acesso ao Engenhão (Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo) Argemiro admite a existência de novas construções. Mas afirma desconhecer de quem teria partido a iniciativa:

- A comunidade não cresceu muito nos últimos anos porque eu sempre tive a preocupação de esclarecer aos moradores que a expansão desordenada não seria boa para nós. Não sei quem fez essas casas - disse Argemiro.
O secretário municipal de Habitação, Jorge Bittar, explicou que, ao contrário do que acontecerá com a Vila Autódromo, a Belém-Belém não será integralmente removida.
- A favela terá um projeto de urbanização. Vamos reassentar os moradores em uma área disponível na própria comunidade.
Bittar acrescentou que, também por conta das Olimpíadas, a prefeitura estuda reassentar parte da favela Barreira do Vasco. O secretário também prevê para dezembro o fim da remoção das casas da Favela do Metrô vizinha do estádio do Maracanã, para imóveis do Minha Casa Minha Vida, na Mangueira. O reassentamento faz parte de uma estratégia de priorizar a urbanização de comunidades no entorno de áreas da Copa de 2014 e das Olimpíadas. No caso da Barreira do Vasco, o objetivo é melhorar os acessos ao estádio de São Januário, que durante as Oimpíadas receberá as partidas de rúgbi. O número de casas a ser retiradas depende da conclusão de estudo da CET-Rio
 

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