Márcia De Chiara, de O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - Depois de adiar os pedidos em setembro, o varejo agora reduz as encomendas para o Natal. O corte nos volumes de televisores, aparelhos de áudio e vídeo, máquinas de lavar, geladeiras e eletroportáteis varia entre 5% e 10%. A mudança nas expectativas de vendas para o fim de ano ocorreu após a forte desaceleração do comércio varejista depois do Dia da Criança.
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O tom do fim do ano mudou e já se cogita até a possibilidade de que as vendas de dezembro empatem com as de 2010. A queda no rendimento médio real do trabalhador de 1,8% em setembro ante agosto, a primeira desde abril, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), explica parte da revisão das expectativas dos lojistas.
Mas o resultado de outubro do indicador de Intenção de Consumo das Famílias (ICF)da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio - SP), que será divulgado hoje, traduz em números o mau humor do consumidor já captado pelos varejistas. Em outubro, o ICF caiu 3,5% na comparação com setembro.
Foi a primeira retração em quatro meses de um indicador que varia de zero a 200 pontos. Nessa escala, abaixo de 100 o indicador é considerado negativo e acima de 100, positivo.
Em outubro, o ICF ficou em 135 pontos e foi influenciado pela perspectiva do emprego e da renda atual. Os dois quesitos tiveram desempenho negativo entre os cerca de 2.200 consumidores da cidade de São Paulo ouvidos pela pesquisa.
A perspectiva para o emprego caiu 9,9% em outubro na comparação com setembro, puxada para baixo especialmente pelas famílias que ganham menos de dez salários mínimos (-11,2%). O quesito renda atual também caiu 6% em outubro na comparação com setembro.
"Essa é a fotografia de um momento desagradável, que reuniu alta da inflação, do câmbio e do IPI para veículos importados", observa o assessor econômico da Fecomércio-SP, Fábio Pina. Ele acredita que os resultados estão na direção correta, isto é, apontam para a desaceleração do varejo, mas pondera que a magnitude pode ser exagerada.
Dia da Criança. De toda forma, os números da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) confirmam a forte perda de fôlego do comércio após o Dia da Criança. Na primeira quinzena de outubro, as consultas para vendas à vista e a prazo cresciam 3,5% em relação a igual período de 2010.
Já a taxa de aumento anual de outubro até o dia 26 é bem menor, de 0,8%. A perspectiva é que o mês feche com variação próxima de zero, prevê o economista da Associação Comercial, Emílio Alfieri.
Como as vendas enfraqueceram muito na segunda quinzena de outubro, a perspectiva para o Natal é incerta, diz Alfieri, que não descarta o empate. A última estimativa era de crescimento de até 5% sobre o ano passado. Se a previsão de empate se confirmar, ele ressalta que o resultado não será ruim porque o Natal de 2010 foi o melhor dos últimos dez anos.
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