quarta-feira, 21 de setembro de 2011

QUEIMA DE ARQUIVO - Testemunha contra corrupção no PR morre depois de ser baleado

Testemunha contra corrupção no PR morre depois de ser baleado em assalto

SÃO PAULO - Testemunha que seria ouvida pela Polícia Federal em investigação de corrupção envolvendo o deputado Valdemar da Costa Neto (PR-SP), o empresário Geraldo de Souza Amorim, de 61 anos, morreu na madrugada desta terça-feira em São Paulo, no Hospital São Luiz, depois de ter sido baleado durante uma tentativa de assalto ao seu sítio, em Tatuí (SP). Dois suspeitos do assalto, ocorrido na noite do último sábado, segundo a polícia, estão presos. Geraldo era administrador da antiga Feira da Madrugada, no Brás, na região central de São Paulo.

Com o sucesso da feira, criada em 2005, em julho deste ano Geraldo Amorim denunciou que estava recebendo ameaças e pedidos de propina. Para conseguir montar o negócio ele recebeu da antiga Rede Ferroviária Federal o direito de explorar o local. No entanto, o delegado-titular de Tatuí, Alexandre Andreucci, disse que as investigações indicam que a morte não tem qualquer ligação com a denúncia.

Plantão
Publicada em 20/09/2011 às 20h31m
Adauri Antunes Barbosa (adauri@sp.oglobo.com.br)
- O caso é de roubo mesmo. Segundo as informações, ele passava o fim de semana aqui e trazia dinheiro - afirmou o delegado.

'O caso é de roubo mesmo. Segundo as informações, ele passava o fim de semana aqui e trazia dinheiro '

Três homens invadiram o sítio na noite de sábado, por volta de 23h, e renderam Geraldo e a sua mulher, e dois ficaram do lado de fora. Provavelmente, conforme a polícia, um segurança do sítio reagiu e trocou tiros com os assaltantes. O ex-administrador da Feira e dois suspeitos foram atingidos.

Pouco depois guardas municipais prenderam os suspeitos na região, um supervisor de vendas de 25 anos e um estudante de 23 anos, com o qual foi encontrado um revólver calibre 38 com a numeração raspada. Um deles levou um tiro no peito e o outro teve ferimentos no pescoço e no braço esquerdo. Os dois foram levados para um hospital de Tatuí.

Em 31 de março deste ano o vereador Agnaldo Timóteo (PR), de São Paulo, mandou uma carta a Geraldo Amorim na qual fala sobre o pagamento de R$ 300 mil mensais para "oportunistas" do PR. O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) enviou a carta ao Ministério Público Federal, que pediu abertura de inquérito pela Polícia Federal porque o documento "indica a prática, em tese, de crime contra a administração pública por membros do PR".
O vereador e cantor Agnaldo Timóteo explica, na carta, a demissão da filha de Geraldo de seu gabinete, o chama de "amigo" e lembra que o levou para reuniões com o então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, que é do PR, e com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Agnaldo ainda diz, na carta, que a Feira da Madrugada era uma "galinha dos ovos de ouro" e afirma que Geraldo "perdeu" o negócio por ter "peitado o Waldemar" (o deputado Valdemar da Costa Neto).
- O Valdemar é o PR em São Paulo. É quem manda. Mas ele estava indignado porque alguém disse para ele que o Geraldo estaria usando o terreno de maneira indevida - disse Agnaldo Timóteo, que aponta o empresário Aílton Vicente de Oliveira, então síndico do Condomínio Novo Oriente, que administrava a Feira, como o responsável por ter "derrubado" Geraldo: - Ele era o inimigo do Geraldo.

Antes da Feira ser fechada, Aílton Oliveira foi escolhido síndico pelos lojistas. Ele admitia cobrar R$ 300 mensais dos comerciantes para manutenção e pagamento de luz. A prefeitura de São Paulo, que quer construir um shopping popular no local, fechou a Feira depois de conseguiu, em abril, que o governo federal passasse a guarda da área para o município

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