De Giovanna Fleitas (AFP) – Há 14 horas
MONTEVIDÉU — O presidente do Uruguai, José Mujica, criticou com dureza nesta sexta-feira medidas "protecionistas" adotadas por Brasil e Argentina, seus parceiros no Mercosul, que causam fortes impactos na economia uruguaia, e afirmou que essas atitudes tendem a "desvirtuar na prática o papel da integração".
Em declarações publicadas na página oficial da Presidência uruguaia, Mujica afirmou que medidas como a adotada pelo Brasil de aumentar em 30 pontos percentuais o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre veículos importados são um reflexo da "instabilidade" na Europa e nos Estados Unidos, mas não levam em conta as disparidades de desenvolvimento das economias do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai).
"Em parte, as medidas protecionistas de nossos vizinhos são reflexos, direta ou indiretamente, da situação internacional. No entanto, a não diferenciação das políticas em relação aos parceiros menores (do Mercosul) tende a desvirtuar na prática o papel da integração", disse o presidente uruguaio.
Estas medidas "favorecem aqueles que pensam que o melhor é continuarmos atomizados", disse Mujica.
As medidas brasileiras tiveram como primeiro efeito no Uruguai a paralisação temporária da empresa de autopeças Effa Motors, segundo a qual o imposto torna inviável seu negócio, demitindo 400 funcionários.
"É não apenas injusto, mas também um erro político, porque dá um sinal contrário à integração", questionou com inusual firmeza o presidente uruguaio que, no entanto, se disse partidário de explorar a via diplomática e citou sua "vocação integradora".
"Se as medidas continuarem atingido nosso comércio, só nos resta a reimplementação de medidas defensivas dentro do Mercosul em todas as ordens possíveis", declarou o presidente, que está sob forte pressão dos setores industriais de seu país.
''A outra hipótese possível, a eventualidade de sairmos do Mercosul, não pode ser decisão unilateral do governo, dado que isso supõe consultar previamente representantes da economia, das forças sociais e sobretudo os partidos políticos presentes no Parlamento", concluiu.
O governo do Uruguai informou nesta sexta-feira ter recebido um convite do governo brasileiro para abordar a questão nos próximos dias, apesar de não existir ainda uma data para a reunião.
Para a União de Exportadores do Uruguai, o tributo imposto pelo Brasil implica "perder um mercado", e o setor aguarda ansiosamente os resultados das gestões das autoridades uruguaias para que a situação seja resolvida.
"A União está muito preocupada porque isso significa perder um mercado, sendo necessárias não apenas medidas alternativas para ajudar as empresas, como para resgatar esse mercado", disse à AFP Teresa Aishemberg, secretária-executiva da associação.
Para Aishemberg, "o governo está trabalhando como tem que trabalhar".
"Esperamos que isso possa ser solucionado", completou.
As exportações de autopeças ao Brasil, principal parceiro comercial do Uruguai, alcançaram 228 milhões de dólares no ano passado, segundo dados do Instituto Uruguai XXI.
Mesmo assim, as exportações da indústria automobilística uruguaia ao Brasil representam 8% das vendas anuais a esse país, que foram de cerca de 1,5 bilhão de dólares em 2010.
Para Aishemberg, além do problema pontual do setor automotor, as medidas protecionistas tomadas nos últimos meses pelos países vizinhos Argentina e Brasil poderão prejudicar permanentemente outros setores da indústria uruguaia
MONTEVIDÉU — O presidente do Uruguai, José Mujica, criticou com dureza nesta sexta-feira medidas "protecionistas" adotadas por Brasil e Argentina, seus parceiros no Mercosul, que causam fortes impactos na economia uruguaia, e afirmou que essas atitudes tendem a "desvirtuar na prática o papel da integração".
Em declarações publicadas na página oficial da Presidência uruguaia, Mujica afirmou que medidas como a adotada pelo Brasil de aumentar em 30 pontos percentuais o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre veículos importados são um reflexo da "instabilidade" na Europa e nos Estados Unidos, mas não levam em conta as disparidades de desenvolvimento das economias do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai).
"Em parte, as medidas protecionistas de nossos vizinhos são reflexos, direta ou indiretamente, da situação internacional. No entanto, a não diferenciação das políticas em relação aos parceiros menores (do Mercosul) tende a desvirtuar na prática o papel da integração", disse o presidente uruguaio.
Estas medidas "favorecem aqueles que pensam que o melhor é continuarmos atomizados", disse Mujica.
As medidas brasileiras tiveram como primeiro efeito no Uruguai a paralisação temporária da empresa de autopeças Effa Motors, segundo a qual o imposto torna inviável seu negócio, demitindo 400 funcionários.
"É não apenas injusto, mas também um erro político, porque dá um sinal contrário à integração", questionou com inusual firmeza o presidente uruguaio que, no entanto, se disse partidário de explorar a via diplomática e citou sua "vocação integradora".
"Se as medidas continuarem atingido nosso comércio, só nos resta a reimplementação de medidas defensivas dentro do Mercosul em todas as ordens possíveis", declarou o presidente, que está sob forte pressão dos setores industriais de seu país.
''A outra hipótese possível, a eventualidade de sairmos do Mercosul, não pode ser decisão unilateral do governo, dado que isso supõe consultar previamente representantes da economia, das forças sociais e sobretudo os partidos políticos presentes no Parlamento", concluiu.
O governo do Uruguai informou nesta sexta-feira ter recebido um convite do governo brasileiro para abordar a questão nos próximos dias, apesar de não existir ainda uma data para a reunião.
Para a União de Exportadores do Uruguai, o tributo imposto pelo Brasil implica "perder um mercado", e o setor aguarda ansiosamente os resultados das gestões das autoridades uruguaias para que a situação seja resolvida.
"A União está muito preocupada porque isso significa perder um mercado, sendo necessárias não apenas medidas alternativas para ajudar as empresas, como para resgatar esse mercado", disse à AFP Teresa Aishemberg, secretária-executiva da associação.
Para Aishemberg, "o governo está trabalhando como tem que trabalhar".
"Esperamos que isso possa ser solucionado", completou.
As exportações de autopeças ao Brasil, principal parceiro comercial do Uruguai, alcançaram 228 milhões de dólares no ano passado, segundo dados do Instituto Uruguai XXI.
Mesmo assim, as exportações da indústria automobilística uruguaia ao Brasil representam 8% das vendas anuais a esse país, que foram de cerca de 1,5 bilhão de dólares em 2010.
Para Aishemberg, além do problema pontual do setor automotor, as medidas protecionistas tomadas nos últimos meses pelos países vizinhos Argentina e Brasil poderão prejudicar permanentemente outros setores da indústria uruguaia
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