terça-feira, 20 de setembro de 2011

Preços de medicamentos são estratosféricos

Caixa de remédio para leucemia passa de R$ 16 mil
Antônio Marinho e Juliana Câmara, O Globo
Hipertensão arterial, diabetes, câncer e doenças respiratórias são males que ameaçam a sobrevivência não só do ponto de vista médico como também econômico. Os preços de remédios importados são estratosféricos. Um exemplo? Leucemia: a caixa com 112 comprimidos de 200 mg de Nilotinibe chega a R$ 16.838. A quimioterapia para câncer de mama com drogas de ponta custa em média R$ 150 mil por ano.

O Plano de Ações para Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) ampliou o acesso ao tratamento, mas o Ministério da Saúde tem problemas para manter o fornecimento a hospitais.
Para especialistas, porém, a proposta de flexibilizar patentes não é a resposta. No caso do diabetes, o governo distribui medicamentos antigos, já sem patentes. Os mais modernos, que controlam a doença por mais tempo, custam muito mais.

— É claro que gostaríamos de tratar os pacientes dos hospitais públicos com drogas mais modernas. Mas os laboratórios gastam muito dinheiro em pesquisas e podem não querer trazer os remédios para o Brasil, se as patentes forem flexibilizadas — diz Amélio Godoy, do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia.

Para o oncologista Ricardo Teixeira, a flexibilização de patentes não vai atender a todos os casos. Ele diz que, hoje, pacientes só têm acesso a tratamento com fármacos mais modernos por meio de ação judicial.

— O paciente com câncer na rede pública tem menor sobrevida do que o de convênio. Em tumores de mama há um exemplo. Na rede pública, as mulheres recebem Tamoxifeno, que custa R$ 30 a caixa; na rede privada, é receitado o Anastrozol, que custa R$ 300.

— São Paulo é o único estado em que o paciente tem acesso aos melhores tratamentos, sem ter que entrar na Justiça — diz Teixeira. — É um direito do paciente optar por um medicamento mais caro, sobretudo quando aumenta a sobrevida mesmo que seja em dias.

Teixeira crítica a falta de fiscalização das clínicas particulares que recebem dinheiro do SUS para remédios de ponta que não chegam aos pacientes. Ele explica:

— O ministério paga, para câncer de mama avançado, a associação de Docetaxel e Doxorubicina, mas clínicas aplicam Doxo com Ciclofosfamida, combinação mais barata, só para aumentar a margem de lucro

Fonte O Globo

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