quinta-feira, 17 de março de 2011

REBELIAO NA USINA DE JIRAU - Rebelião pode atrasar conclusão


          Danny Bueno
Briga entre um funcionário e um dos motoristas de ônibus teria desencadeado série de saques e incêndios
Aexandre Rodrigues, da Agência Estado
SÃO PAULO - Os distúrbios que paralisaram as obras da usina hidrelétrica de Jirau na quinta-feira, 17, em Rondônia, devem comprometer o cronograma do empreendimento. A afirmação foi feita pelo presidente do consórcio construtor da usina, Victor Paranhos, que ainda não tinha informações suficientes para avaliar os prejuízos provocados por uma série de saques e incêndios que destruíram dezenas de ônibus usados no transporte de trabalhadores e parte da estrutura de alojamentos do canteiro de obras da hidrelétrica, no Rio Madeira.
Uma revolta que teria sido desencadeada por uma briga entre um funcionário e um dos motoristas dos ônibus na noite de quarta-feira acabou provocando a fuga apressada da maior parte dos 18 mil funcionários da área, que, segundo Paranhos, seguia na tarde de quinta sob controle de manifestantes. Caixas eletrônicos de postos bancários foram atacados, assim como estabelecimentos comerciais.
"Durante a noite houve uma invasão pelo mato, com pessoas encapuzadas. Hoje, os trabalhadores tentaram voltar ao trabalho e houve nova invasão. A tropa da Polícia Militar perdeu o controle. O comandante local tentou achar uma liderança para dialogar com a outra parte, foram reunidas algumas pessoas num refeitório, mas eles não se entendiam", contou o presidente do Consórcio Energia Sustentável do Brasil, que reúne GDF Suez e Eletrobrás.
Depois de participar de uma cerimônia na sede do BNDES na tarde de quinta, o executivo afirmou que não havia descontentamento aparente entre os funcionários ou pauta de reivindicações pendente. "É preocupante porque não sabemos qual é a motivação. Não há sequer uma liderança", afirmou.
A Camargo Corrêa, responsável pelas obras civis da hidrelétrica, informou que a construção do empreendimento foi suspensa tempo indeterminado. A construtora afirmou ter decidido pela retirada dos 10 mil trabalhadores que estavam no local por causa diante do clima de insegurança.
Paranhos lamentou a paralisação das obras no momento em que estava perto de ser concluída a operação de desvio do Rio Madeira, com 95% do vertedouro pronto. Segundo ele, a previsão de início de operação da usina em março do ano que vem poderá ser revista, dependendo das consequências dos distúrbios.
O ritmo de retomada das obras dependerá da capacidade das instalações de manter um número elevado de trabalhadores na região, afirmou. O executivo teme que muitos não queiram voltar. Ele negou pressão sobre os trabalhadores para acelerar o ritmo da obra e afirmou que a divisão em dois turnos resultavam numa jornada média de trabalho de 10 horas por dia, incluindo horas extras.
Paranhos afirmou ter confiança no restabelecimento rápido do controle do canteiro de obras com o envio da Força Nacional ao local e elogiou o que chamou de reação rápida do governo. Ele ressaltou que os distúrbios se limitaram à área de alojamentos. Os equipamentos e paióis de explosivos utilizados na obra permaneceram sob controle da empresa.
O prefeito de Porto Velho, Roberto Sobrinho (PT), que também esteve no BNDES, classificou o episódio como "uma rebelião, um motim" e manifestou preocupação com a falta de abrigo para milhares de trabalhadores. "É uma situação muito grave".COLABOROU WELLINGTON BAHNEMANN
   

Nenhum comentário:

Postar um comentário