quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

ROMBO NO PANAMERICANO - Fraude é de R$ 4,3 milhões

Além do buraco de R$ 3,8 bilhões, depois que o balanço foi colocado em ordem apareceu um prejuízo de cerca de R$ 500 milhões 

David Friedlander, de O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - O problema de caixa do banco Panamericano foi ainda maior do que o rombo bilionário divulgado até agora. Além do buraco de R$ 3,8 bilhões, provocado principalmente por fraudes contábeis, depois que o balanço foi colocado em ordem apareceu um prejuízo de cerca de R$ 500 milhões.
Em números redondos, isso aumentou de R$ 4 bilhões para cerca de R$ 4,3 bilhões a injeção de dinheiro feita para acertar as contas do banco antes da venda do controle para o BTG Pactual, na terça-feira.
Os novos números vão aparecer no balanço de 2010 do Panamericano, aguardado para a semana que vem. O rombo de R$ 3,8 bilhões foi coberto pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Para cobrir os outros R$ 500 milhões de prejuízo, resultantes dos ajustes nas contas do banco, o BTG e o próprio FGC compraram carteiras de crédito do Panamericano.
Com a operação, o banco deverá finalmente fechar o balanço de 2010 com as contas praticamente zeradas. Estima-se que a instituição apresente um patrimônio líquido na casa dos R$ 1,6 bilhão, mesmo valor da época em que a fraude foi descoberta, no ano passado.
Agora propriedade do BTG, que tem o controle, e da Caixa Econômica Federal, que já era sócia de Silvio Santos, o Panamericano vai receber dinheiro novo para operar. A Caixa comprometeu-se com o BTG a disponibilizar até R$ 10 bilhões em linhas de crédito nos próximos anos, enquanto o BTG deverá colocar outros R$ 4 bilhões.
Drama. O drama do Panamericano começou em setembro, quando a fiscalização do BC descobriu que o banco tinha um buraco de R$ 2,5 bilhões. Silvio tomou um empréstimo no FGC, fundo criado pelos bancos para garantir parte do dinheiro dos depositantes em caso de quebra de alguma instituição, e deu o patrimônio como garantia.
A diretoria responsável pelo rombo foi demitida e os novos administradores descobriram que o rombo era cerca de R$ 1,5 bilhão maior, o que colocava em risco a sobrevivência da instituição. Sem alternativa, Silvio vendeu o banco para o BTG, de André Esteves.
O empresário perdeu o banco, mas se livrou das dívidas com o FGC e salvou as outras empresas. O BTG compromete-se a pagar R$ 450 milhões pelo banco. O dinheiro não passará por Silvio, vai direto para o FGC.
O BTG tem até 2028 para pagar, com correção. Se quiser liquidar a conta apenas no prazo limite, vai pagar, dentro de 17 anos, os R$ 3,8 bilhões que o FGC colocou hoje para sanear o banco. O FGC absorveu o rombo. Segundo seus diretores, para evitar uma crise de confiança no mercado financeiro.

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