RIO - O chefe de Polícia Civil, delegado Allan Turnowski, disse no início da tarde desta segunda-feira, em entrevista ao telejornal RJ-TV, que a prefeitura de Rio das Ostras estaria envolvida no suposto esquema de corrupção de policiais da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco). Os agentes teriam arquivado investigações sobre fraudes em licitações em troca de alguma vantagem econômica. Segundo Turnowski, foram encontrados nesta manhã na delegacia dois documentos originais do processo que teria deixado de ser investigado assinados pelo chefe da especializada, Claudio Ferraz, e pelo inspetor Jorge Gherard.
Turnowski afirmou que vai pedir ao Tribunal de Contas a quebra dos sigilos fiscais e telefônicos de empresários e funcionários da prefeitura que podem ser os responsáveis pelo pagamento de propinas em função da fraude nas licitações.
O chefe da Polícia Civil ressaltou que a devassa que está sendo feita na delegacia não é uma represália às investigações que começaram na unidade e culminaram na Operação Guilhotina, na qual o delegado Carlos Antônio Luiz Oliveira - ex-braço direito de Turnowski - foi preso.
- Não é represália. Para fazer represália seria contra a PF. Inclusive o secretário Beltrame autorizou (o fechamento da delegacia). Este é o início de um grande processo de limpeza da Polícia Civil. Eu mesmo vou começar a fazer essa limpeza - disse Turnowski.
Ele afirmou ainda que a denúncia contra Claudio Ferraz - que colocou atrás das grades 676 milicianos, metade deles agentes da lei - não enfraquece o combate à milícia. Ele enfatizou que cabe ao secretário Beltrame decidir o futuro de Ferraz:
- Se tivesse na Polícia Civil, seria exonerado.
No início da manhã, o corregedor interno da Polícia Civil, Gilson Emiliano Soares, já havia afirmado que Turnowski tinha recebido denúncias de que policiais da especializada participaram de procedimentos ilícitos não só com empresários, mas também com prefeituras. O corregedor participa da devassa na delegacia, que teve as portas lacradas no fim da tarde de domingo. De acordo com o corregedor, os órgãos municipais eram abordados pela violação da lei de licitação.
- Essas prefeituras estariam sendo pressionadas de forma dissimulada a fazer isso ou aquilo - disse o corregedor.
O corregedor informou ainda que nesta segunda-feira serão apreendidos computadores, pen drives e registros de ocorrências da delegacia.
O chefe de Polícia Civil, delegado Allan Turnowski, afirmou, também na manhã desta segunda-feira, que toda a ação da corregedoria na Draco foi autorizada pelo secretário de Segurança, José Mariano Beltrame. Turnowski ressaltou que vai se pronunciar a tarde explicando toda a ação da corregedoria e o fechamento da Draco.
O chefe da Draco, Claudio Ferraz, também está na delegacia ao local. Ele disse apenas que as denúncias não foram uma surpresa e que ele já tinha informações sobre elas há alguns meses através da imprensa. Na quinta-feira, Ferraz foi nomeado pelo secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, subsecretário da Contra Inteligência. Na mesma ocasião, Beltrame determinou que a Draco voltasse a ficar sob o comando direto da Secretaria de Segurança, saindo assim da estrutura hierárquica da Polícia Civil. O GLOBO tentou ouvir Beltrame sobre a iniciativa de Turnowski, mas, segundo a assessoria de imprensa, o secretário só falará nesta segunda-feira a respeito do caso. Beltrame, segundo sua assessoria, iria a Brasília, mas mudou a agenda para acompanhar o desfecho do episódio. Ainda de acordo com a assessoria, ele preferiu não responder se a iniciativa de Turnowski seria uma represália à equipe da Draco.
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