sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

FARRA DOS BANCOS - Lucro da Caixa cresce 25,5% em 2010

Atamiro Silva Júnior e Fabiana Holtz, da Agência Estado


SÃO PAULO - A Caixa Econômica Federal registrou lucro líquido de R$ 3,8 bilhões no ano de 2010, expansão de 25,5% ante o ano anterior. O crescimento do ganho foi puxado pelas operações de crédito do banco público. A carteira de empréstimo fechou dezembro com saldo de R$ 175,8 bilhões, aumento de 41,3%. As concessões de crédito somaram R$ 194 bilhões e foram recordes.

A presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Ramos Coelho, destaca em entrevista à imprensa que os resultados recordes confirmam a política correta adotada pela Caixa, de se focar no crédito. A meta para 2011 é crescer 30% no crédito. O banco fechou o ano com 40 mil pontos de atendimento no Brasil. A meta para este ano é abrir 200 novos pontos de atendimento.

O financiamento habitacional foi a linha que mais cresceu e bateu recorde histórico, com contrações de R$ 77,8 bilhões e expansão de 57,2%. Segundo a Caixa, o banco respondeu por 70% do financiamento habitacional do Brasil. Do total de financiamentos da Caixa, R$ 27,7 bilhões foram realizados com recursos da poupança, respondendo por 203,9 mil moradias.

O número de contas de poupança superou a marca de 40 milhões e depósitos de R$ 129 bilhões. A captação líquida da poupança foi de R$ 13,2 bilhões em 2010.

A taxa de inadimplência, para atrasos superiores a 90 dias, teve pequena queda em 2010, baixando de 2,2% no ano anterior para 2%. As provisões para créditos de liquidação duvidosa somaram R$ 11,1 bilhões, aumento de 25%.

Os ativos totais da Caixa tiveram aumento de 17% e fecharam o ano em R$ 400 bilhões.

Crédito

A participação da Caixa no mercado de crédito nacional chegou a 10,32% em 2010, acima dos 8,79% do ano anterior. Segundo o vice presidente de controle e risco da Caixa, Marcos Vasconcelos, há cerca de 5 anos essa participação não passava dos 5%. No crédito imobiliário, mesmo com a maior concorrência, a fatia do banco público subiu de 74,9% para 76,05%. No ano passado, a carteira do empréstimos do banco cresceu 41,3% e chegou a R$ 175,8 bilhões, recorde histórico.

As receitas com prestação de serviços da Caixa bateram em R$ 10,477 bilhões em 2010, expansão de 16,8%. Esse crescimento, segundo Vasconcelos, não significa aumento de tarifas, mas prestação de mais serviços pelo banco e ainda atração de novos clientes. Na rede do banco, foram realizadas em 2010 mais de 4 bilhões de operações bancárias, expansão de 9%.

Panamericano

Já os número do Banco Panamericano só vão ser consolidados no balanço da Caixa no primeiro trimestre deste ano, informou Vasconcelos sem dar maiores detalhes de qual impacto terá essa consolidação.

Em entrevista à imprensa nesta manhã, a presidente do banco, Maria Fernanda Ramos Coelho, destacou que entre as agências abertas em 2010 está uma no complexo do Alemão, no Rio, e outra em um rio no Amazonas. A Caixa chegou a 52,3 milhões de clientes em dezembro do ano passado.

O índice de Basileia do banco caiu de 17,5% em 2009 para 15,4% em 2010, mesmo nível dos bancos privados. A queda ocorreu por conta do crescimento das operações de crédito do Caixa, destaca Vasconcelos. O Basileia é um indicador que mede quanto o banco pode emprestar no crédito sem comprometer seu capital. O Banco Central exige índice mínimo de 11%.

A Caixa liberou R$ 9,3 bilhões de recursos para infraestrutura em 2010.

Aquisições

A Caixa pretende fazer novas aquisições, mas descarta compras fora do Brasil. Mesmo a América Latina está fora dos planos, segundo a presidente do banco.

Sobre o Banco Panamericano, ela afirma que o objetivo da Caixa não é o curto prazo, mas o longo prazo. "O Panamericano vai permitir a atuação da Caixa em novos nichos, como pequenas e médias empresas", disse Maria Fernanda à imprensa, após apresentar os dados financeiros da Caixa de 2010.

Segundo ela, os executivos do BTG Pactual e da Caixa estão neste momento discutindo os rumos do Panamericano e elaborando um plano de negócios.

Quando questionada sobre o aquecimento do mercado imobiliário, Maria Fernanda descartou que haja um bolha. "Não existe preocupação com relação a bolha. Mas sim a preocupação da criação de instrumentos que deem mais transparência para este mercado e segurança para o comprador."

A Caixa está estudando o lançamento de um índice de preços de imóveis residenciais. O indicador deve ser feito em conjunto com outras instituições, como o Banco Central e o IBGE. Segundo Maria Fernanda, esse tipo de índice é prática comum em outros países e tem como objetivo dar maior segurança para quem compra um imóvel.

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