João Coscelli, Luiz Raatz e Luciana Vicente - estadao.com.br
atualizada às 18h27
SÃO PAULO - O ditador egípcio, Hosni Mubarak, renunciou nesta sexta-feira, 11, ao cargo após 30 anos no poder. Ele sucumbiu a 18 dias de maciços protestos populares, desencadeados por uma onda de insatisfação com a economia e a corrupção, e inspiradas pela Revolução de Jasmin, que derrubou o ditador da Tunísia Zine Ben Ali.
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Perfil: 30 anos de um ditador no poder
A renúncia foi anunciada pelo vice Omar Suleiman. O Conselho das Forças Armadas conduzirá os assuntos de Estado. "Diante das difíceis circunstâncias que o país está atravessando, o presidente Hosni Mubarak decidiu deixar a presidência da República. Os assuntos de Estado serão dirigidos pelo Conselho das Forças Armadas", disse Suleiman na TV estatal.
Êxtase. Após o anúncio, milhares, senão milhões, de pessoas explodiram em êxtase e alegria nas ruas do país. "O Egito está livre! O Egito está livre!", gritaram. No Twitter, o executivo do Google Wael Ghonim, que se tornou herói dos protestos após passar 12 dias presos, parabenizou o povo egípcio . "Bem-vindo de volta, Egito".
Em entrevista CNN, Ghonim deu um recado vigoroso ao governo. "Estou orgulhoso de ser egípcio, do Egito e de seu povo. Parabéns a todos egípcios. A Hosni Mubarak, Omar Suleiman e todas pessoas que acreditam que estar no poder dá direito a ignorar o povo: Nós temos escolha. Acabou para vocês", disse . "Somos mais fortes do que todos eles (na ditadura). "
O ex-diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) Mohammed ElBaradei disse viver o dia mais feliz de sua vida. "Esse é o melhor dia da minha vida. O país está livre depois de décadas de repressão", disse.
Futuro. O Exército egípcio emitiu um comunicado dizendo que não vai abolir a autoridade civil e que apenas vai conduzir o país na transição rumo a um regime democrático. Em um tom pacificador, a instituição saudou Mubarak pelos serviços prestados ao país, os 'mártires' que morreram na revolução.
O Conselho Supremo do Exército, sob comando o ministro da Defesa Mohammed Hussein Tantawi, de 79 anos, liderará o país.
Um oficial militar egípcio de alta patente disse à CNN que o Exército discute com a Suprema Corte a dissolução do gabinete de Mubarak e do Parlamento e a implementação do calendário eleitoral. Já segundo a Al-Arabya, o Conselho Militar vai administrar o país com o chefe da Suprema Corte Constitucional. O comunicado do Exército deve ser divulgado ainda nesta sexta-feira, segundo a emissora.
Golpe de misericórdia. Mubarak tentou ficar no poder o quanto pôde. Ontem, o ditador foi à TV para anunciar que ficava no poder , mas delegaria funções ao vice. O discurso enfureceu os manifestantes, que há 18 dias tomaram as ruas do país protestando por reformas. Nesta sexta, uma multidão tomou as ruas do Cairo, Alexandria, Suez e outras cidades menores, como Damietta , Damnhur, Asuit, Sohag, Bani Swfi, Port Said e Mansoura.
Os opositores tomaram hoje a praça Tahrir e se concentram também em frente ao prédio da TV estatal e ao palácio presidencial. "Fora! Fora com Hosni Mubarak", gritava a multidão em frente ao palácio. O Exército protegia o local com quatro tanques e os manifestantes tentavam convencer os soldados a se unirem a eles.
"O que você está esperando. Sua lealdade pertence a Mubarak ou ao Egito?", disse um deles. No sermão na praça Tahrir, clérigos muçulmanos compararam a manifestação com a luta de Moisés contra o Faraó, no Egito antigo. "Que Deus expulse os opressores", disse um ímã.
TV Estadão: Roberto Lameirinhas, editor de
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