BRASÍLIA - Apesar de toda a confusão nas inscrições do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que desde domingo prejudicam milhares de estudantes em todo o país, o ministro da Educação, Fernando Haddad, sairá de férias sábado. Ele decidiu adiar apenas por 48 horas o início do descanso, que estava previsto para começar nesta quinta-feira. As férias vão coincidir com o período de divulgação dos resultados do Sisu, isto é, a informação sobre quem conseguiu vaga no curso superior logo em sua primeira opção, e a fase de matrículas em 83 universidades e institutos tecnológicos que selecionam candidatos através do sistema, com base exclusivamente nas notas do último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Na prática, Haddad abrirá mão de dois dias de férias, já que a data de retorno ao trabalho, conforme o Diário Oficial, permanece 31 de janeiro, uma segunda-feira.
A divulgação dos resultados do Sisu está marcada para segunda-feira e as matrículas terão início na quinta. Nesta quarta-feira, o número de queixas dos alunos começou a diminuir. Até 18h, o balanço do MEC mostrava que 800 mil já haviam feito sua inscrição no Sisu. Como cada participante pode tentar vagas em um ou dois cursos - da mesma ou de diferentes instituições -, o número de inscrições atingia 1,46 milhão.
O total de candidatos na disputa este ano já supera o do 1º semestre de 2010, quando 793 mil pessoas tentaram uma vaga no Sisu. Em 2011, o sistema oferece mais vagas: 83.125, um aumento de 73% em relação às 47,9 mil do 1 semestre do ano passado.
O prazo de inscrição, que terminaria na última terça-feira, foi adiado para esta quinta-feira, às 23h59m. Isso ocorreu por causa da lentidão do sistema de in-formática, especialmente no domingo e na segunda-feira. Em todo o país, estudantes ficaram horas em frente ao computador, sem sucesso. Além disso, uma falha permitiu que candidatos tivessem acesso a dados pessoais e às notas no Enem de outros participantes.
MEC admite falha no planejamento
O MEC admitiu que o planejamento do Sisu foi in-suficiente. Num esforço para melhorar a performance do sistema, um equipamento foi trocado e os computadores de todos os funcionários do MEC tiveram seu acesso à internet restringido nos últimos dias.
Nesta quarta-feira, o funcionamento do sistema melhorou, superando até 900 inscrições por minuto - no domingo, 1º dia, a capacidade média era de 300 a 400.
Em nota, o MEC negou que o sistema tenha permitido ou provocado alterações indevidas nas inscrições de candidatos: "Técnicos do MEC repassaram e revisaram todo o movimento de acesso neste período e não registraram nenhuma ocorrência indevida de modificação de opção de curso".
No caso do estudante Lucas Ciarlini Guilhon, citado nesta quarta-feira em reportagem do GLOBO, o MEC informou que o Sisu registra a inscrição de Guilhon corretamente nos dois cursos que ele afirma ter es-colhido: Sistema de Informação, na Universidade Fe-deral do Estado do Rio (UniRio), e Meteorologia, na UFRJ.
Segundo a diretoria, a opção pelo curso da UniRio foi feita na segunda-feira, às 21h47m. E a segunda opção, na UFRJ, foi registrada na terça-feira, às 7h07m.
"Todos os outros acessos feitos pelo estudante foram de consulta, nenhum foi confirmado. Ele continua matriculado nos cursos que escolheu", diz a nota.
Guilhon contestou:
- Eu tenho o print screen e não estou maluco. Contra fatos não há argumentos. Tenho provas concretas. Como eles comprovam que eu não estive inscrito em outra universidade?
O MEC não explicou o caso da estudante Juliana Souza, que fez sua inscrição para o curso de Pe-dagogia, na UFRJ. Na 1ª vez que o estudante Lucas Guilhon teve acesso aos dados dela, às 20h41m de segunda-feira, a 1ª opção de curso aparecia como Cinema e Audiovisual na UFF, que não havia sido escolhida por ela. Depois, apareceu uma alteração para o curso de Engenharia Civil, na Universidade Federal do Paraná, opção que também não foi es-colhida por Juliana.
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