Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

sábado, 10 de abril de 2010

CULTURA/LIVROS - Há 25 anos morria Cora Coralina, a doceira das palavras


da Livraria da Folha
Em 1965, Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas publicou seu primeiro livro de versos --"Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais" pela José Olympio Editora. Conhecida como Cora Coralina (1889-1985), a poeta goiana começou a escrever em 1903 sobre seu cotidiano. Fundaria cinco anos depois com suas amigas "A Rosa", um jornal de poemas femininos.

Divulgação
Após
 elogio de Drummond, Cora Coralina começou a ser conhecida no país
Após elogio de Drummond, Cora começou a ser conhecida no país
Monte sua biblioteca com obras de Cora Coralina


"Tragédia na Roça", seu primeiro conto publicado em 1910 no "Anuário Histórico e Geográfico do Estado de Goiás", foi assinado com o pseudônimo de Cora Coralina. A poeta teve seis filhos com o advogado Cantídio Tolentino Bretas, que a proibiu de participar da Semana de Arte Moderna à convite de Monteiro Lobato, em 1922.
Cora chegou a ser vendedora de livros da José Olympio Editora, em 1934, e de linguiça caseira e banha de porco que ela própria preparava em Penápolis, interior de São Paulo, para sustentar seus filhos após a perda do marido.
O que a goiana mal podia esperar era uma carta de Carlos Drummond de Andrade endereçada a ela. No ano de 1980, após ler alguns escritos de Cora, Drummond elogiou seu trabalho. A partir do registro do poeta, o interesse do público aumentou, e a autora começou a ser admirada e conhecida no país. Três anos depois, recebeu o Juca Pato, na categoria "Intelectual do Ano". Cora foi a primeira mulher a ganhar esse prêmio.
Em seus poemas, o leitor entra em contato com um universo rústico e doce, semelhante a um café da manhã típico de fazenda. Os centros urbanos descritos assemelham-se ao leite de vaca coalhado pelo inútil passar do tempo. As pitadas de vida, que se desenvolvem nele, não passam de geléias que escorrem pelas beiradas de pães caseiros, esses sim, atrelados ao habitat de cada cenário construído. Servimo-nos de contradições durante a refeição poética e experimentamos as lutas e pedras como lições de vida da poeta.
"Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove" já diria Cora, doceira de versos e de profissão.

 


 

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