terça-feira, 9 de março de 2010

CEILÂNDIA/COMPORTAMENTO - TROTE INTELIGENTE - Calouros plantam mudas ao redor do câmpus da UnB inacabado de Ceilândia

Um dia após o início das aulas, intenção é chamar atenção para a falta de infraestrutura. No Gama, os estudantes enfrentam os mesmos problemas
Publicação: 09/03/2010 09:07 Atualização: 09/03/2010 09:12
 
Alunos do câmpus de Ceilândia da Universidade de Brasília (UnB) trocaram tintas, ovos, farinha e brincadeiras por uma recepção ecológica: às 9h de hoje, calouros e veteranos plantarão mudas ao redor das futuras instalações do câmpus, onde as obras permanecem inacabadas. Esse tipo de trote é realizado desde o 2º semestre de 2009 e, desta vez, haverá também uma caminhada como forma de chamar a atenção para os problemas decorrentes da falta de infraestrutura. As aulas da Unb tiveram início ontem.

Aula improvisada da Faculdade UnB Gama no Bezerrão: cerca de 950 
estudantes usam diariamente as instalações do estádio - (Rafael 
Ohana/CB/D.A Press

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Aula improvisada da Faculdade UnB Gama no Bezerrão: cerca de 950 estudantes usam diariamente as instalações do estádio
No chamado trote socioecológico, o estudante recém-aprovado recebe uma muda para plantar e cuidar durante o período universitário. “Tivemos essa iniciativa para acabar com a ideia do trote violento, além de criar uma consciência ecológica nas pessoas”, diz Florentino Junio Leônidas, 18 anos, aluno de gestão em saúde.

Os participantes caminharão do Centro de Ensino Médio 4 de Ceilândia (unidade temporária) em direção às futuras instalações. “Por enquanto, a falta de infraestrutura não afetou a qualidade do ensino, mas ao longo do tempo, com certeza seremos prejudicados”, completa Florentino.

Segundo a diretora da faculdade de Ceilândia, Diana Lúcia Pinho, a preocupação maior é com o próximo semestre. “Temos infraestrutura para atender a demanda até o 4º semestre, onde estamos atualmente. A partir do 5º, nós vamos precisar de outros tipos de instalações”, afirma. A previsão é de que a obra seja inaugurada em 21 de abril, no aniversário de Brasília.

Funcionando há um ano e meio, a Faculdade UnB Ceilândia atende atualmente cerca de 960 alunos, divididos entre os cursos de terapia ocupacional, enfermagem, farmácia, fisioterapia e gestão em saúde. Os universitários se revezam entre 10 salas, cinco laboratórios (um de informática), biblioteca e um auditório no CEM 4 de Ceilândia. As aulas acontecem também no teatro de arena e em duas salas de aula da Escola Técnica, próximos ao CEF 4.

Problemas
A falta de organização e os espaços improvisados incomodam os universitários, que enumeram os problemas. Poliana Rodrigues, 17 anos, cursa farmácia e reclama da superlotação. “Todo semestre entram mais alunos e não há aumento nas instalações. Faltam salas de aula e os laboratórios estão incompletos”, reclama.

A segurança é outro problema que causa receio. Diariamente, automóveis são arrombados, furtados e danificados em frente à unidade provisória. “Morro de medo quando deixo o meu carro aqui, eles pegam calotas e estepes”, denuncia a graduanda de fisioterapia Rosane Liliane dos Reis, 21 anos.

Apesar dos contratempos, a diretora da faculdade UnB Ceilândia afirma que a situação provisória não causa impacto na qualidade do ensino. “Os nossos professores são os mesmos da UnB, todos excelentes profissionais”, finaliza.

Aulas no estádio
Ao sair de casa para a faculdade, cerca de 950 alunos seguem diariamente para o Bezerrão, no Gama. O pátio do estádio se transformou em salas de aula para atender à demanda dos universitários, que também esperam por um lugar de ensino adequado. Ao todo, os estudantes de engenharia automotiva, engenharia eletrônica, engenharia de energia e engenharia de software têm aulas em quatro salas e no pátio.

Além do Bezerrão, a Faculdade UnB Gama possui laboratórios temporários instalados no antigo fórum da cidade e, em três semanas, os alunos serão transferidos para 14 salas, no segundo andar do SESC Gama. O espaço foi alugado pela instituição para acomodar melhor os futuros profissionais. Para o estudante Alberto França, 17 anos, as constantes mudanças prejudicam a rotina de estudos. O futuro engenheiro automotivo confessa que se sente injustiçado com a situção temporária, que já dura mais de um semestre. “Fico chateado porque no Câmpus Darcy Ribeiro eles têm tudo e a gente aqui, nada”, comenta.

Obras
As futuras instalações das Faculdades UnB Ceilândia e UnB Gama estão atrasadas. Com início em 2009, o sonho de ver os prédios prontos está sendo adiado desde o ano passado. A obra das unidades acadêmicas é uma parceria entre a Universidade de Brasília (UnB) – responsável pela sede do Gama – e o Governo do Distrito Federal (GDF) – responsável pela sede de Ceilândia.

O câmpus do Gama está sendo construído por duas empresas, Manchester Construtora e Contarpe Engenharia. A primeira prevê que as obras estejam prontas em novembro, já a segunda promete a conclusão da obra para julho.

Em Ceilândia, a construtora responsável é a Uni Engenharia. Após cinco datas adiadas, a empresa espera que a faculdade, orçada em R$ 17 milhões, seja inaugurada em 21 de abril. De acordo com o secretário de obras do Distrito Federal, Jaime Alarcão, apesar de a obra estar prosseguindo lentamente, o calendário não foi alterado. Em função das chuvas, nós tivemos que diminuir o rítmo da construção, mas a previsão se mantém para o Aniversário de Brasília, conclui.

"Fico chateado porque no Câmpus Darcy Ribeiro eles têm tudo e a gente aqui, nada"
Alberto França, 17 anos, estudante de engenharia automotiva no câmpus do Gama

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