terça-feira, 16 de março de 2010

RIO DE JANEIRO/ROYALTIES - uma discriminação ao Rio sem lógica econômica

por George Vidor

Como brasileiro que nasceu e vive no Rio me sinto muito mal em ver os deputados de todos demais estados (com exceção da bancada do Espíto Santo, também prejudicado) em favor de uma mudança nas lei dos royalties capaz de desorganizar as finanças do governo fluminense, além de decretar a falência de vários municípios da região produtora. Mas, além do sentimento de rejeição, o que não entendi mesmo é a lógica econômica dessa mudança.
Ninguém de bom senso pode achar que é possível se suprimir, de uma penada, de 12% a 15% da receita de um estado - cujas finanças e estrutura se debilitaram em quase três décadas de decadência, e só recentemente começaram a se recuperar - sem que isso cause um grande desastre. Por outro lado, quais os ganhos que os demais estados e municípios terão com a redistribuição dos recursos atuais do Rio? Pasmem: pouco mais da metade que o Bolsa Família paga em benefícios! Como os estados ficarão com metade desses valor, os municípios teriam então somente um quarto de um Bolsa Família anual!. Um dinheiro que , diluído, não chega a ser suficiente para recapear as ruas da cidade do deputado Ibsen Pinheiro, mas que hoje se tornou essencial para a solvência do Rio.
O Brasil certamente terá muito mais a ganhar se o Rio, nos próximos dez, quinze anos, se recuperar economica e urbanisticamente. Se a violência deixar de frequentar o noticiário internacional, afugentando millhares, talvez milhões, de potenciais visitantes. E também muitos investidores. Quando o país teria a ganhar se as favelas do Rio se transformassem em locais dignos de moradia? Essa oportunidade existe, com a realização da Copa do Mundo, das Olimpíadas, e, sobretudo, com ajuda da receita advinda, sob a forma de royalties, da principal fonte de riqueza do Estado, que é o petróleo. Os royalties são a única contribuição tributária direta oriunda do petróleo, pois sobre o produto não incide ICMS, e nem ISS, na origem (apenas no destino, ou seja, nos estados consumidores).
Quanto o país terá a perder se o Rio fracassar nessa virada? Se as Olimpíadas, por exemplo,  forem um fracasso? Será que os nobres deputados que votaram na emenda Ibsen pensaram nisso ou só viram a possibilidade de reforçar o caixa de seus estados com uns R$ 100 ou 150 milhões anuais? E o pior é que, se não forem alertados para esse risco, os senadores acompanharão o voto de seus colegas deputados.
PS- Os royalties são uma compensação financeira pela exploração de recursos minerais. Chama-se royalties pois eram uma compensação paga ao rei, à realeza (royal). No caso do petróleo, como é explorado no mar, a custos mais altos, estabeleceu-se que a alíquota seria a metade (5% em média) da compensação paga quando a exploração é feita em terra. Portanto, já existe um enorme desconto pelo fato de ser no litoral.  Ainda assim, a maior parte da receita hoje vai para os cofres da União (nesse quinhão o deputado I(bsen não ousou mexer; preferiu atacar o lado mais fraco, sem possibilidade de defesa,  o que caracteriza uma covardia. No caso do pré-sal, o projeto em tramitação no Congresso previa um fundo social para estados e municípios não produtores.
PS2 - a lei dos royalties de fato precisa de uma mudança. Algumas condicionalidades deveriam ser criadas, como por exemplo, a obrigação dos municípios beneficiados pouparem parte dos recursos, criando uma espécie de fundo para que futuras gerações também recebam os dividendos.


 

 

Um comentário:

  1. Tô achando tudo muito estranho...

    O perfil do estado no Facebook publicou um artigo dizendo que o dinheiro vai para a aposentadoria dos seus funcionários e que, se tiver que pagar essa aposentadoria entrará em falência...

    Diz que não vai dar para pagar os Jogos Olímpicos, mas não diziam que haveria investimentos para isso? Então um estado falido vai gastar grana dos royalties para fazer pão e circo?

    Se o estado está falido será que não está usando os tais royalties para se encostar em vez de investir para atrair indústrias, turismos e empresas de serviços?

    Se pintar uma forma de energia alternativa (e tem que pintar se não o Rio vai afundar no mar) acabou o estado?

    Tudo muito mal contado...

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