terça-feira, 16 de março de 2010

POLÍTICA INTERNA - Oposição suspende indicações do governo para embaixadas no exterior

GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília
O PSDB decidiu nesta terça-feira suspender as sabatinas de todos os embaixadores indicados pelo governo federal na Comissão de Relações Exteriores do Senado. Como o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) preside a comissão, os tucanos decidiram suspender todas as sabatinas até que o ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) compareça à Casa para discutir a política externa do governo.
"Dentro das prerrogativas de presidente da comissão, eu suspenderei a sabatina de embaixadores até nós podermos ter uma discussão com o ministro Celso Amorim --que, diga-se de passagem, sempre tem vindo quando convidado. Mas é importante que possamos ter essa discussão com ele", afirmou Azeredo.
O gesto dos tucanos foi uma resposta ao que chamam de "trapalhadas" do governo federal no campo diplomático. O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse que o partido "rompeu com a política externa brasileira" em consequência de erros cometidos pelo Executivo.
"O PSDB não tem mais nenhum compromisso com essa aprovação simples, rápida e, eu diria, até simplória de embaixadores que se faz com algumas explicações que o embaixador dá, com uma ou outra pergunta protocolar que faz daqui para lá, porque o que nós queremos é abrir o diálogo com o senhor ministro Celso Amorim", afirmou.
Virgílio citou exemplos do que classifica de "trapalhadas" do Executivo em política externa, como a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de não visitar o túmulo do fundador do sionismo, Theodor Herzl.
"São seguidas gafes. O presidente não poderia, nunca, abrir mão do papel de mediador que caberia ao Brasil, até porque o Brasil é um país que sempre se deu bem com os países árabes e que tem tudo para continuar se dando bem com os países árabes, com os palestinos", afirmou o tucano.
Irritação
A oposição se mostrou irritada com o fato de, tradicionalmente, o Senado aprovar os nomes dos embaixadores indicados pelo governo sem uma ampla discussão sobre os nomes. Pela legislação brasileira, todos os indicados devem ser sabatinados pela Comissão de Relações Exteriores e, em seguida, devem ter os nomes aprovados pelo plenário da Casa.
Os oposicionistas, porém, só anunciaram a reação ao modelo atual depois de aprovarem nesta terça-feira a indicação do embaixador Otto Agripino Maia para a Embaixada do Brasil na Grécia, no plenário da Casa. Maia é irmão do líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN) --que teve o apoio em massa da oposição na aprovação do seu nome.
"Uma comissão relevante como a Comissão de Relações Exteriores, a ideia que o Executivo faz dela é de que ela está ali para chancelar acordos internacionais, para aprovar no senta e levanta nome de embaixadores. O embaixador sempre é amigo de alguém, nós sempre somos amigos de um outro embaixador. Ou seja, no fundo, fundo termina funcionando a Comissão de Relações Exteriores como se fosse um clube", criticou Virgílio.

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário