Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

domingo, 14 de março de 2010

MENSALÃO DO PT - Genoino, um dos petistas mais devastados depois do mensalão, volta a se movimentar como líder do PT


Tiago Pariz
Publicação: 14/03/2010 08:28

Em um plenário da Câmara lotado, José Genoino anda de um lado para outro, aproxima-se do microfone, conversa com um colega, orienta outro. Na mão, um terço muçulmano que não tira do bolso. Pede a palavra e ataca a oposição. O petista faz as vezes de líder da bancada: encaminha como o PT se posicionará na votação e debate detalhes do regimento interno com um adversário. É uma tarefa de, aos poucos, tentar reconquistar o espaço perdido desde quando foi colocado para escanteio no fervor do escândalo do mensalão.

José Genoino foi escolhido pela bancada como o representante do PT nas votações de plenário. Quem assiste às votações o vê agindo como líder petista. “Nós escolhemos o Genoino porque o líder tem muitas tarefas. E para ficar atento ao plenário é preciso gostar e ter tempo. E ele gosta e tem tempo”, disse o colega de partido e estado Devanir Ribeiro.

Apesar da tarefa e de dispor de mais holofote, Genoino não quis aceitar a proposta. Relutou porque ainda não se sente confortável com as luzes. Só disse sim depois que o trabalho foi dividido entre Eduardo Valverde (PT-RO) e Luiz Sérgio (PT-RJ). Foi dele também a orientação de evitar o debate público com o DEM sobre irregularidades. Graças ao farto material documentado e gravado, os Democratas também se envolveram em seu mensalão que teve como ápice a prisão do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, que, segundo a acusação, pagava para deputados distritais da base aliada votarem de acordo com sua orientação na Câmara.

O DEM tentou levar ao debate de que, diferentemente do que foi feito (as seguidas expulsões e desfiliados de todos os acusados), o PT passou a mão na cabeça de seus colegas. “Não entramos nesse debate porque não faz sentido. Estaríamos fazendo o jogo deles (do DEM). O povo já nos absolveu nas urnas. O DEM vai fazer seu teste agora”, disse Ribeiro, cuja tese é ecoada também por João Paulo Cunha.

Voto vencido
Se, nos holofotes, Genoino ainda demonstra desconforto, internamente, no PT, ele age com voracidade. Em recente reunião da direção partidária, o deputado foi um dos mais inflamados na defesa de postura mais contundente contra dissidentes da orientação nacional. Ele defendeu a proibição de prévias entre pré-candidatos ao Senado e aos governos estaduais. Acabou prevalecendo a postura amena de apenas recomendar. Uma postura que vai acabar sendo descumprida no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, estados considerados estratégicos para a aliança com o PMDB na campanha da ministra Dilma Rousseff. Genoino fez ataques duros contra quem deseja fazer prevalecer a lógica local contra a nacional. Mas, na batalha, foi voto vencido. A depender de seus colegas, essa é a apenas uma amostra de que ele vai ter cada vez mais espaço para, na próxima eleição, não suar frio com a possibilidade de não se eleger.

 


 

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