Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

sábado, 13 de março de 2010

GOVERNO LULA/INFRA-ESTRUTURA - Internacionalização da Eletrobrás se dará no continente americano

Plano estratégico da estatal prevê compra de ativos e novos projetos na Argentina, na Colômbia, nos EUA e no Peru
Irany Tereza
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TENTATIVA - "Quase compramos uma empresa no Peru, mas a legislação de lá não permitiu", diz Muniz

A transformação da Eletrobrás na "Petrobrás do setor elétrico", como é o plano do governo, vai levar à internacionalização da empresa no continente americano, especialmente na Argentina, na Colômbia, nos Estados Unidos e no Peru. De acordo com o plano estratégico da estatal, que será divulgado este mês, com a apresentação da nova marca da companhia, a atuação internacional será prioritariamente em geração hidráulica e transmissão de energia.

"Vamos estudar principalmente a compra de ativos, mas podemos entrar também em novos projetos", afirmou ontem ao Estado o presidente da Eletrobrás, José Antonio Muniz. Atualmente, 34% do capital total da estatal estão em mãos de acionistas privados, sendo em torno de 20% desse total de estrangeiros. De acordo com cálculos da estatal, desde que o grupo lançou títulos na Bolsa de Nova York (American Depositary Receipts, ou ADRs, na sigla em inglês), em outubro de 2008, houve valorização de 25% nos papéis.

A Eletrobrás - que reúne 16 estatais - planeja constituir subsidiárias também fora do País. A escolha dos locais vai depender da aquisição de novos ativos, com ou sem parcerias internacionais. No Peru, por exemplo, está em estudos a construção de cinco hidrelétricas, com capacidade de 7 mil megawatts. "Quase compramos uma empresa no Peru, mas não deu certo porque a legislação de lá não permitia", diz Muniz.

No esforço para dar uma nova imagem ao grupo, foi encomendada à consultoria Ana Couto Branding Design uma marca nova para o grupo, que será apresentada no próximo dia 22. A logomarca, que custou R$ 1 milhão, segundo revelou Muniz, será unificada para todas as subsidiárias, que perderão suas marcas originais e terão seus nomes encimados pelo da Eletrobrás. "Na Petrobrás não é assim? Tudo a mesma cara? É isso que estamos fazendo", diz o presidente da holding.

A consultoria, que durante dez meses trabalhou na idealização do logo, uma alusão estilizada à geração de energia e ao meio ambiente, tem entre os clientes mais conhecidos a Coca-Cola, a distribuidora de combustíveis Ale e a empresa de cosméticos L"Oréal. "O novo símbolo marca definitivamente a transformação", diz Muniz.

Concluído o plano estratégico, que tem como meta transformar a Eletrobrás no "maior sistema empresarial global de energia limpa, com rentabilidade comparável à das melhores empresas do setor elétrico", a estatal inicia o plano de investimentos, que será apresentado no fim de junho. Muniz não adianta valores. Mas assegura que será bem mais robusto que o estabelecido para o período 2009-2012, com investimentos previstos de R$ 30 bilhões.

Desse total, foram investidos em 2009 R$ 5,4 bilhões e para este ano estão previstos mais R$ 9 bilhões. Nesses valores não estão incluídos novos projetos, como a participação da usina hidrelétrica de Belo Monte, por exemplo, que estarão contemplados no novo plano de investimentos. O presidente da estatal não comenta as resistências enfrentadas nas subsidiárias, que perderam autonomia em relação às decisões estratégicas, que passaram à responsabilidade da holding.

"Avisamos (às subsidiárias) no começo que não era uma mudança, era uma transformação. Do jeito que estava indo, íamos acabar em pouco tempo", diz Muniz. "Agora, todos os instrumentos já estão definidos. As decisões estratégicas já são tomadas no conselho de administração da Eletrobrás, o que dá tranquilidade inclusive ao investidor, que sabe que ninguém vai tomar atitude isolada."

Atualmente, a Eletrobrás só tem escritórios no exterior, para definir a compra dos ativos. O plano estabelece políticas para os próximos dez anos. De acordo com o próprio documento elaborado pelo grupo, a estatal tem um caminho muito extenso a percorrer. No ranking mundial das empresas mais rentáveis do setor elétrico, aparece na 21ª colocação. Outras brasileiras são mais bem classificadas, como a CTEEP (terceira), Celesc (quinta), Cemig (décima) e CPFL (14ª). A lista, elaborada pela Roland Berger World, foi baseada em desempenhos de 2005 a 2008.
 

 

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