quarta-feira, 3 de março de 2010

Disputa pelo Bolsa Família

Proposta de tucano amplia benefício, mas líder do governo Lula protesta e diz que recorrerá

De Adriana Vasconcelos:

Comissão de Educação do Senado aprovou ontem, em caráter terminativo, projeto de lei do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) que prevê aumento do benefício do Bolsa Família para famílias em que as crianças tenham um bom desempenho escolar. Mesmo contrariados com a proposta do tucano, que põe a digital do PSDB na grande bandeira de campanha do presidente Lula e da ministra Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência, os líderes governistas não impediram a aprovação da matéria, que agora segue para apreciação da Câmara. Mas a líder do governo no Congresso, senadora Ideli Salvatti (PT-SC), votou contra.
O Bolsa Família é a grande vedete do governo para a campanha de Dilma, e os petistas viram na proposta de Tasso um interesse eleitoral. O projeto foi aprovado por 17 votos a um (o da Ideli). Dos 17 que aprovaram, sete são da oposição, três do PT e os demais aliados do governo. Votaram a favor os petistas Eduardo Suplicy (SP), Paulo Paim (RS) e Augusto Botelho (RR).
Para Ideli, a iniciativa é uma crueldade e representa um retrocesso, uma vez que joga nas costas do menor a responsabilidade pelo aumento da renda familiar:
— Não consigo entender o motivo esdrúxulo e cruel (da proposta do tucano). Isso vai provocar uma pressão sobre a criança, que passa a ser responsável pela renda maior da família. Quando você coloca essa questão do rendimento escolar no Bolsa Família , como quer o senador Jereissati, você joga nos ombros da criança a responsabilidade de levar dinheiro para casa, e pode gerar situações de maus tratos, de conflito, se a criança não corresponder à expectativa das famílias.
A petista acusou a oposição de querer fazer uso político do projeto em ano eleitoral.
— É uma contradição social, pedagógica e um contrassenso político — acrescentou, dizendo que pretende apresentar recurso para que o projeto seja votado no plenário do Senado e não remetido à Câmara

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