quarta-feira, 17 de março de 2010

DENÚNCIA - PARANÁ: sindicância vai investigar diários oficiais secretos

A Assembleia também vai ter que explicar a atuação do diretor-geral da Casa, que montou uma rede de, pelo menos, 20 funcionários fantasmas com salários altos.


O presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Nelson Justus, anunciou nesta terça-feira uma sindicância para investigar a publicação de diários oficiais secretos, que o Jornal Nacional denunciou na última segunda.

A Assembleia também vai ter que explicar a atuação do diretor-geral da Casa, que montou uma rede de, pelo menos, 20 funcionários fantasmas com salários altos.

A Assembleia do Paraná tem um orçamento anual de mais de R$ 300 milhões. Quem administra todo esse dinheiro é o diretor-geral, Abib Miguel, no cargo há mais de 20 anos.

Bibinho, como é mais conhecido, não gosta de falar. Se falasse, talvez pudesse explicar como o nome do jardineiro dele aparece na folha de pagamento da Assembleia, mas não consta da lista oficial de funcionários da Casa. Em 18 meses, foram depositados na conta dele R$ 192 mil da Assembleia.

“Não trabalhava na Assembleia, trabalhava na casa”, contou.

A filha do diretor-geral, Isabel Stein Miguel, está na relação de servidores do legislativo. Mas só localizamos a moça em São João d'Aliança, pequena cidade goiana a 1,5 mil quilômetros de Curitiba. “Eu trabalho aqui”, disse ela.

Isabel ajuda a cuidar da fazenda de 6 mil hectares que o pai dela comprou na região. Segundo o próprio gerente da fazenda, as terras foram avaliadas em R$ 50 milhões.

O homem que comanda as finanças da Assembleia Legislativa do Paraná entregou as próprias contas a uma pessoa de confiança. É um contador que já foi funcionário do legislativo, saiu do emprego, mas permaneceu na folha de pagamento. Douglas Bastos Pequeno foi exonerado em abril de 2007. Mais de um ano depois, ele ainda recebeu R$ 87 mil da Assembleia.

Dinheiro da Assembleia também foi parar nas contas de parentes do contador. Só a ex-mulher e uma das filhas receberam mais de R$ 2 milhões. Elas estão na lista de funcionários, mas moram no litoral de Santa Catarina. “Estou aqui há seis anos já”.

Localizada em Balneário Comburiu, uma das filhas, Lorete Prevedelo Pequeno, tentou despistar nossa equipe dando o nome errado. Depois, tentou esconder também as explicações.

Você já trabalhou na Assembleia? “Eu não posso falar, eu não tenho o que falar. Eu trabalho aqui”, disse ela.

Procurado na Assembleia, o diretor-geral, Abib Miguel, também preferiu não comentar as investigações. “Eu não dou entrevista, você sabe”.

Depois de saber das denúncias, o diretor-geral da Assembleia, Abib Miguel, e o contador dele, Douglas Bastos Pequeno, não quiseram se manifestar.

 

 

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