domingo, 21 de março de 2010

BRASIL/HISTÓRIA - RS: centro histórico preserva passagem dos jesuítas


Trata-se de uma descoberta que só foi possível com a ajuda dos moradores. Eles abriram os pátios das casas para as escavações.
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A cidade de Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul, inaugurou um centro histórico que preserva a passagem dos jesuítas pela região séculos atrás.

Os sinos anunciam a chegada de mais um grupo de peregrinos. São homens e mulheres que, debaixo de chuva e de sol, percorreram os antigos caminhos que ligavam os Sete Povos das Missões, no Sul do Brasil. Foram mais de 300 quilômetros até chegar a Santo Ângelo.

“Valeu a pena estar conhecendo esses lugares da nossa história. Faz parte da nossa vida, estou emocionado, mas fico contente e feliz por ter terminado”, comentou o publicitário João Mendes.

Para recebê-los, uma catedral abençoada pela riqueza da história e pelo nome: Angelopolitana, que significa a cidade do anjo. Em estilo neoclássico, ela foi construída exatamente sobre as fundações de uma igreja que existiu na região há mais de 300 anos, no tempo em que jesuítas ocuparam a região para catequizar os índios guaranis.

Daquele tempo, restam poucas ruínas em Santo Ângelo. Por isso, a cidade se mobilizou, pesquisou e escavou. Agora, janelas históricas mostram um pouco do passado. São restos do que foi o piso, colunas da antiga igreja jesuíta, bem maior que a atual. Trata-se de uma descoberta que só foi possível com a ajuda dos moradores. Eles abriram os pátios das casas para as escavações.

“Ao abrir esse pátio e o pátio da casa vizinha, nós encontramos a continuidade do piso de ladrilho da antiga igreja jesuítica e a parede dos fundos da igreja. Ou seja, nós descobrimos a área onde ficava o altar da igreja jesuítica”, contou a arqueóloga Rachel Rech.

“Eu me senti muito feliz de saber que estou morando em cima do altar. Fiquei bem mais descansada, porque achava que seria o contrário: que seria um cemitério”, comentou a professora Maria Nascimento e Silva.

A maioria das casas em torno da praça foi construída com pedras do povoado jesuíta. Em algumas, elas ficam à mostra. No centro histórico, nada é por acaso. Tudo foi inspirado nas antigas missões: uma cruz em cada canto para abençoar o povoado e um piso com o mesmo desenho criado pelos índios. Ao fundo, a catedral se abre para a praça – hoje uma praça moderna, mas que não deixa de olhar e lembrar o passado.

 


 

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