O Copan é um dos mais importantes e emblemáticos edifícios da cidade de São Paulo, Brasil. Projetado por Oscar Niemeyer, localiza-se num dos pontos mais movimentados do centro da capital paulista. É bastante conhecido por sua geometria sinuosa, que lembra uma onda, e pelos números superlativos de suas estatísticas. Tem 115 metros de altura, 35 andares (incluindo três comerciais),[1] além de dois subsolos, e cerca de dois mil residentes.[2] É considerada a maior estrutura de concreto armado do Brasil.[3] Possui 1 160 apartamentos distribuídos em seis blocos, sendo considerado o maior edifício residencial da América Latina.[4] A área comercial no térreo possui 72 lojas e um cinema, o antigo Cine Copan, posteriormente ocupado pela igreja Renascer em Cristo, que desde março de 2008 se encontra interditada.[5]
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História
O Copan foi um dos grandes projetos para São Paulo apresentados por Oscar Niemeyer em 1951, encomendado para o IV Centenário da cidade (a ser comemorado em 1954). O arquiteto relaciona a obra na autobiografia, apesar da insatisfação quanto ao Copan, cuja execução entregou a Carlos Lemos[6] ao ver o edifício residencial apenas no terceiro piso durante as festas dos quatrocentos anos, e também porque estava a caminho de Brasília.
Foi centro de interesse de um enorme complexo arquitetônico imaginado pela Companhia Pan-Americana de Hotéis e Turismo (criada por ocasião dos festejos do IV Centenário), que previa nas suas instalações um hotel de luxo, apartamentos, teatro, cinemas, restaurantes, jardins suspensos, centenas de lojas e garagens subterrâneas.
O edifício Copan foi durante os anos 1950, 1960 e 1970 a imagem da "São Paulo moderna". Porém o arquiteto desinteressou-se pelo trabalho quando suas ideias iniciais não foram totalmente atendidas e acabou delegando a terceiros o desenvolvimento do projeto de execução.
O Copan que vingou é fruto isolado do projeto que previa um hotel vizinho e ainda mais grandioso, uma laje ligando os dois prédios e sustentando um restaurante, além de piscina e galeria de lojas. A obra foi truncada pela quebra do Banco Nacional Imobiliário (BNI), e a conclusão do edifício residencial levou quinze anos.[6] No prédio bem menor do que seria o hotel funciona hoje uma agência do Bradesco, que absorveu o BNI.
Quase tudo foi executado, com exceção do hotel e do teatro. Apesar de o edifício estar totalmente fora da sua concepção original, podendo ser atribuída a Niemeyer somente a forma exterior, continua sendo um marco referencial da maior importância para a leitura da cidade, persistindo como um dos símbolos da modernidade urbana do Centro Velho.
O edifício Copan tem inspirado escritores, cineastas, fotógrafos e outros artistas do mundo todo. Em 1994 a escritora brasileira Regina Rheda lançou o livro de contos Arca sem Noé - Histórias do Edifício Copan, que ganhou o prêmio Jabuti no ano seguinte. O conto "O mau vizinho", presente no livro, recebeu o prêmio Maison de l'Amérique Latine em 1994. Arca sem Noé - Histórias do Edifício Copan está publicado também em inglês com o título de Stories From the Copan Building, dentro do volume First World Third Class and Other Tales of the Global Mix (University of Texas Press).[7]
Infraestrutura
Devido à crescente mudança na região central onde está localizado, o edifício passou a abrigar em sua redondeza muitos indigentes e usuários de drogas onde anteriormente ficavam em uma área conhecida como "Cracolândia". Além disso, pelo número alto de moradores que residem no edifício, este passou a ser conhecido como um cortiço vertical.[carece de fontes]
Em um local com um número tão grande de pessoas morando, e por se encontrar no centro de São Paulo, a qualidade de vida não é das melhores no edifício. Um grande número de pessoas procura moradia pela região, também sendo comum muitas pessoas se juntarem, ou mesmo famílias inteiras, para morar num apartamento pequeno ou numa quitinete, tornando o convívio com vizinhos perturbador, devido ao grande barulho e movimentação dos moradores. Outro fator que diminui a qualidade de vida no edifício é o estado de conservação de seu ambiente interno. Apesar de vistoso externamente, internamente é difícil ter-se realmente uma visão limpa, sem obstáculos ou intromissões. Seja por causa das escadas, que tiram a privacidade dos moradores no interior de seus apartamentos, ou por detalhes da arquitetura que limitam a visão do ambiente externo. Outro problema estrutural do edifício é não haver um meio de comunicação interna entre os apartamentos e a portaria, uma vez que não há interfones nos blocos do edifício. Para permitir a entrada de visitantes e prestadores de serviços, por exemplo, os moradores recorrem a um caderno de anotações, método extremamente obsoleto e pouco prático, para o registro de entradas no edifício.
Apesar de tudo isso, o prédio conta com um gerador com capacidade para operar por seis horas, que permitiu, por exemplo, que o prédio tivesse luz durante apagão que deixou às escuras boa parte da região Sudeste em novembro de 2009.[8]
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