domingo, 24 de janeiro de 2010

Até Copa do Mundo compromete Arruda

MP encontra transações suspeitas do governo do DF na disputa pelos jogos
De Bernardo Mello Franco e Leila Suwwan:
A mistura de futebol, negócios e política pode comprometer ainda mais o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, e seu ex-chefe de gabinete Fábio Simão.
Acusados de chefiar o mensalão do DEM, eles estão por trás de pelo menos duas transações suspeitas que envolvem a candidatura de Brasília para sediar jogos da Copa do Mundo de 2014.
Segundo investigações do Ministério Público do DF, até a seleção brasileira teria sido usada para justificar repasses indevidos com dinheiro público.
Documentos obtidos pelo GLOBO mostram que a dupla agiu em conjunto para destinar R$ 9 milhões sem licitação à Ailanto Marketing, a título de promoção do amistoso Brasil x Portugal em Brasília, em 19 de novembro.
Embora já estivesse no governo, como subchefe da Casa Civil e coordenador do Projeto Copa 2014, Simão usou o cargo de presidente da Federação Brasiliense de Futebol para pedir a contratação da empresa, em ofício enviado a Arruda.
Uma observação nas ordens de pagamento, considerada incomum por técnicos que lidam com contas públicas, revela que o governador interferiu pessoalmente para liberar o dinheiro, ignorando parecer contrário da Procuradoria Geral.
A Ailanto foi registrada meses antes da partida, num endereço residencial no Leblon e capital de R$ 800.
Para o promotor Albertino Netto, o contrato foi assinado "quando todas as tratativas para o jogo já estavam obviamente consumadas".
Em ação de improbidade administrativa contra Arruda, ele cobra a devolução do dinheiro e descreve o caso como "um dos mais teratológicos (monstruosos) atos praticados no âmbito da administração pública do DF". Outro réu é o secretário de Esporte, Aguinaldo de Jesus, pastor da Igreja Universal.
Em outro contrato intermediado por Simão, o GDF liberou R$ 3 milhões sem licitação para bancar despesas com o Soccerex, seminário de apenas dois dias sobre negócios do futebol. O evento ocorreu em março de 
2009 e foi apresentado como trunfo na candidatura da capital para receber jogos da Copa.
Dados do Siggo, o sistema de acompanhamento de gastos públicos do DF, revelam que a transação também teve ingredientes peculiares.
A Secretaria de Esporte empenhou o dinheiro para a Pallas Operadora Turística, do Grupo Águia, de Wagner Abrahão. O empresário é ligado à cúpula da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e tem sido alvo de denúncias desde o escândalo do desvio de ingressos na Copa da França, em 1998.
Dois dias após o fim do evento, o repasse foi anulado por "erro no credor". O governo autorizou pagamento idêntico para a Eggz Marketing, com sede registrada em Santana de Parnaíba (SP).Leia mais em O Globo deste domingo

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